OTAN: Ameaça de Trump à Groenlândia coloca aliança militar em xeque

Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Justin Sullivan/Getty Images via AFP

Donald Trump reforçou sua ameaça de usar força militar para tomar controle da Groenlândia, um território autônomo do Reino da Dinamarca, aumentando tensões com seus aliados europeus. Ele argumentou na terça-feira que a Dinamarca deveria ceder o território aos EUA para “proteger o mundo livre”, ameaçando impor sanções econômicas caso o país não o faça.

A Groenlândia, o maior território insular do mundo, tem cerca de 57.000 habitantes e é rica em matérias-primas e terras raras. O degelo no Ártico também cria oportunidades estratégicas de comércio, energia e transporte em uma região de alta disputa geopolítica. No entanto, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, rejeitou firmemente a ideia, afirmando que “a Groenlândia não está à venda e nunca estará.”

Mette Frederiksen, primeira-ministra da Dinamarca. Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

A Groenlândia está protegida pelo Tratado do Atlântico Norte, que estabelece que um ataque ao território acionaria a defesa coletiva da OTAN. Isso inclui a obrigação de todos os países membros, inclusive os EUA, de defender a Dinamarca, já que o território pertence ao Reino dinamarquês.

Se Trump cumprisse sua ameaça, isso colocaria os EUA em violação direta de suas obrigações no tratado, criando uma crise sem precedentes dentro da OTAN. Uma ação militar contra a Groenlândia envolveria os aliados europeus, forçando a OTAN a agir em defesa de um de seus membros, mesmo contra os próprios Estados Unidos.

Adicionalmente, a União Europeia também poderia acionar o Artigo 42.7 de seu tratado, a cláusula de assistência mútua, obrigando outros Estados-Membros a apoiar a Dinamarca. Um porta-voz da Comissão Europeia confirmou que a Groenlândia se beneficiaria dessa cláusula.

A simples retórica de Trump já gera desconforto entre os aliados europeus, especialmente em um momento em que a OTAN é essencial para conter a agressão russa contra a Ucrânia. Para especialistas, ameaças de força militar contra um aliado da OTAN são vistas como “mais do que um problema dinamarquês” e poderiam abalar a coesão da aliança militar.

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