Inquérito concluiu que PM ‘assumiu risco de matar’ adolescente ao dar coronhada em irmão, em SP

A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte da adolescente Victoria Manuely dos Santos, de 16 anos, que foi baleada em uma abordagem da Polícia Militar, na Zona Leste de São Paulo. Conforme a investigação, o PM Thiago Guerra agiu com dolo eventual e “assumiu o risco de matar” ao dar uma coronhada no irmão da vítima, momento em que a arma disparou. Ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e está sob custódia.

Segundo o inquérito, os “elementos de convicção apresentados no bojo do presente procedimento de Polícia Judiciária, notadamente os depoimentos dos Policiais Militares, os depoimentos das testemunhas, a declaração da vítima e, primordialmente, o vídeo da câmera de segurança do PM autor do disparo, evidenciam de maneira inequívoca os suficientes indícios de autoria e a materialidade delitiva exigida pelo tipo penal”.

Além da investigação da Polícia Civil, a Polícia Militar também instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias da ocorrência, que segue em andamento.

A defesa de Guerra não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

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Relembre o caso

Victoria foi baleada na noite do último dia 9. A mãe dela, Vanessa Priscila dos Santos, disse que estava com a garota e o filho Cauê, de 21 anos, com alguns amigos, na frente de um bar na Rua Capitão Pucci, em Guaianases. Foi quando dois homens passaram correndo pelo local e o grupo decidiu ver o que estava acontecendo.

Os PMs, que vinham logo na sequência, abordaram Cauê. A irmã se aproximou, quando um dos agentes efetuou um disparo ao dar uma coronhada na cabeça do rapaz, que acertou a vítima no tórax.

Vanessa afirma que, mesmo com a adolescente ferida, os policias continuaram a realizar a abordagem e não prestaram socorro imediato. A menina só foi levada ao Hospital Geral de Guaianases mais de 1 hora depois dos fatos, pelo Corpo de Bombeiros, mas teve a morte confirmada no local, já na madrugada do último dia 10.

Em depoimento, o irmão da garota contou que sofreu xingamentos, sendo chamado de “verme” e “ladrão”, durante a abordagem. Ainda segundo relato, o rapaz diz ficou quatro horas dentro da viatura, foi levado para a delegacia e depois liberado sem ser acusado de nenhum crime.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o PM foi preso em flagrante ainda no dia 10, por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, e foi conduzido ao 50º Distrito Policial. Ele passou por audiência de custódia e teve a prisão convertida em preventiva pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Ainda no velório, a mãe da vítima falou sobre a prisão do PM. “Fiquei sabendo que ele está preso. Ele precisa pagar pelo que ele fez, porque não é justo a minha filha pagar por uma coisa que não fez. Pagar com a vida ainda. Mesmo que tivesse feito, ele não tinha o direito de tirar a vida de ninguém. Que ele fique muito e muitos anos [preso]”, disse Vanessa, em entrevista ao G1.

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