Exposição ‘Terra à vista’ do Forum da Cultura destaca cerâmica portuguesa

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(Foto: Divulgação)

Mundialmente conhecida pela peculiaridade de seus formatos, traços, detalhes e acabamentos, a cerâmica portuguesa é o destaque da exposição “Terra à vista”, que ocorre no Museu de Cultura Popular da UFJF, instalado no Forum da Cultura. As peças, 50 em sua totalidade, ficam expostas até o dia 31 de janeiro, estando disponíveis para visitação entre 10h e 19h, gratuitamente e para o público em geral. 

Para o restaurador e conservador de bens culturais do Forum da Cultura, Saulo Machado, a nova exposição é a oportunidade de conhecer mais a fundo uma rica tradição cultural. “Poder observar de perto cada uma dessas cerâmicas portuguesas é ter contato com um modo de fazer, um saber popular, uma cultura que influenciou substancialmente a nossa própria cultura brasileira. Portugal e Brasil se retroalimentam em tantos aspectos, e é a beleza dessa conexão que queremos que o público possa captar”, explica, em nota encaminhada à imprensa.

Destaques da exposição

Entre os destaques da exposição estão as criações de Rosa Ramalho, ceramista e fundamental representante do Figurado de Barcelos (uma das principais produções tradicionais de Portugal), que tem seu trabalho caracterizado por peças figurativas que evocam o surrealismo e transitam entre o real e o fantástico, representando animais, seres mitológicos, cenas do cotidiano regional e devocional. 

Estarão em exibição peças como o “Oratório”, “Castiçal em formato de pombal” e “Santo Antônio”, que têm como características marcantes a contraposição entre seus formatos simples e pormenores pitorescos, e a escolha de suas colorações, que variam entre o ocre monocromático e o profusamente colorido. Outro elemento que chama a atenção nas obras da artista é a presença das letras R.R., marca registrada da figurista.

A produção do figurado em Portugal iniciou-se como uma como atividade subsidiária da olaria, em que as pessoas aproveitavam os espaços que sobravam nas grandes fornalhas para colocarem pequenas porções de barro moldadas de formas variadas, unicamente com o objetivo lúdico. Passados de geração em geração, foi a partir da obra de Rosa Ramalho que os barristas de Barcelos obtiveram estatuto de artistas, deixando as feiras e passando a ocupar lojas, museus e galerias de arte. A artista ficou internacionalmente conhecida perto de seus 70 anos e continuou moldando peças de barro até quase os 90 anos.

Outro destaque da exposição são as obras de José Moreira, conhecido como o embaixador da arte barrística de Estremoz, cidade que também conta com expressiva representação na tradição dos figurados. A produção de peças dessa região conta com mais de três séculos de existência, sendo considerada como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco desde 2017. Algumas das obras de Moreira que estarão em exibição são “Os três reis”, “Mulher a cavalo” e “Militar”, que carregam elementos indeléveis como modelações singulares e cores expressivas.

Conhecidos popularmente como “bonecos de Estremoz”, os figurados tiveram sua origem a partir da necessidade do povo de expressar sua fé com santinhos caseiros para devoção caseira. Sem dinheiro para comprar os santinhos, o povoado passou a moldar e produzir suas próprias imagens de devotamento particular, como, por exemplo, presépios como a Sagrada Família, os Três Reis Magos, os animais da estrebaria e outros elementos. A prática se espalhou e ganhou novas vertentes, como a criação de figuras típicas e acontecimentos do dia a dia das pessoas.

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