BP vai cortar cerca de 5% da força de trabalho para cortar custos, diz CEO

A BP (B1PP34) está eliminando 4.700 cargos internamente, cerca de 5% de sua força de trabalho, e mais de 3.000 empregos de contratados, disse o CEO Murray Auchincloss aos funcionários nesta quinta-feira (16), enquanto a gigante de energia com sede em Londres busca reduzir custos.

Mais esforços de corte de custos estão planejados para este ano e além, afirmou Auchincloss. A empresa interrompeu ou pausou 30 projetos desde junho para se concentrar naqueles que geram mais lucro. Uma iniciativa de digitalização, incluindo a implementação de inteligência artificial em diversos departamentos, é fundamental para esses planos, acrescentou.

Durante o mandato de Auchincloss como CEO, a BP ficou ainda mais atrás de suas concorrentes no setor de petróleo e agora vale menos da metade da Shell. A empresa está até sendo superada por companhias que antes eram apenas uma fração de seu valor.

Diante desse desempenho, os investidores querem ver mudanças. A expectativa é que Auchincloss anuncie em fevereiro uma nova mudança de foco para petróleo e gás, mas há muitas perguntas sobre se isso pode ser realizado rapidamente o suficiente.

Os cortes de empregos ocorrem dias depois que a BP anunciou que estava adiando a atualização de estratégia do próximo mês e a relocando de Nova York para Londres, para dar a Auchincloss mais tempo para se recuperar de um procedimento médico.

“Entendo e reconheço a incerteza que isso traz para todos aqueles cujo emprego pode estar em risco, e também o efeito que pode ter sobre colegas e equipes”, escreveu Auchincloss em um e-mail para os funcionários da BP, que também foi fornecido à Bloomberg. “Temos mais a fazer ao longo deste ano, no próximo e além, mas estamos fazendo um progresso sólido enquanto posicionamos a BP para crescer como uma empresa mais simples, mais focada e de maior valor.”

As ações da BP subiram 1,4% para 428,8 pence nas negociações de Londres na quinta-feira.

A queda da BP nos últimos anos reflete erros estratégicos que se estendem muito além do único ano de Auchincloss como CEO permanente. Seu predecessor, Bernard Looney, abraçou a energia de baixo carbono, fez uma previsão equivocada de que o consumo global de petróleo já havia atingido o pico e impulsionou incursões caras em energia eólica offshore — apenas para ser demitido por sua conduta pessoal antes que a estratégia pudesse ser realizada.

Desde então, a BP tem diluído gradualmente a estratégia de Looney. A empresa desacelerou a redução planejada em sua produção de petróleo e gás em fevereiro de 2023, interrompeu ou pausou uma série de projetos de hidrogênio limpo e, em dezembro, anunciou a separação de todo o seu negócio de energia eólica offshore.

No entanto, a empresa tem resistido a fazer uma mudança mais contundente de volta aos combustíveis fósseis que alguns investidores têm exigido. Ela reassegurou repetidamente os acionistas de que possui recursos não explorados suficientes para cumprir seus planos de produção, mas desde 2020 deu sinal verde apenas para um grande projeto de petróleo, o campo Kaskida no Golfo do México. Esse longo período de negligência na exploração dificultará a obtenção de uma recuperação rápida, afirmam os analistas.

A empresa visa cortar custos em US$ 2 bilhões até o final de 2026. Sua dívida líquida era de cerca de US$ 24 bilhões no final do terceiro trimestre.

© 2025 Bloomberg L.P.

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