Estudante de JF está há um ano em estado vegetativo após cirurgia

Há pouco mais de um ano, a farmacêutica e estudante de Medicina Larissa Moraes de Carvalho, de 31 anos, está em estado vegetativo após passar por uma cirurgia ortognática na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora. Por conta das complicações após o procedimento, a família entrou com uma ação cível na Justiça contra a unidade de saúde e dois profissionais que atuaram na cirurgia. Além da tramitação judicial, a Polícia Civil também instaurou um inquérito policial para apurar o fato.

De acordo com o pai de Larissa, Ricardo Carvalho, a estudante foi internada no dia 16 de março de 2023 para realizar a cirurgia ortognática, a fim de corrigir um problema na mordida. Entretanto, durante o transporte do centro cirúrgico para a enfermaria, Larissa sofreu uma parada cardiorrespiratória. Ela permaneceu internada na Santa Casa em estado vegetativo até o dia 15 de março de 2024, quando a família conseguiu, por meio de uma liminar, que ela passasse a fazer tratamento domiciliar através do Home Care.

O problema na mandíbula que levou à cirurgia foi constatado quando Larissa ainda era adolescente, porém, por conta da idade, ela ainda não poderia realizar o procedimento. Conforme Ricardo, a cirurgia não era urgente, visto que o problema da filha era praticamente imperceptível. Entretanto, a orientação dos dentistas era que, ao ficar mais velha, Larissa poderia realizar a cirurgia a fim de evitar problemas futuros.

Formada em farmácia pela UFJF, Larissa decidiu prestar vestibular para a Faculdade de Medicina em 2019 e, em 2021, foi aprovada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Neste tempo, ela começou aos poucos a se preparar para o procedimento.

“Foi uma cirurgia muito bem programada”, conta Ricardo. “Ela fez a cirurgia no dia 16 de março de 2023, ficou um mês no CTI, e não tivemos nenhuma informação do hospital sobre o que tinha acontecido com ela. Não deram uma satisfação do que havia ocorrido.”

jovem ficou em estado vegetativo
Estudante de medicina na UERJ, Larissa Carvalho está há mais de um ano em estado vegetativo após passar por cirurgia (Foto: Arquivo Pessoal)

Família busca respostas

Desde então, a família vem buscando respostas sobre o que ocorreu com Larissa, mas, conforme Ricardo, tem enfrentado dificuldades para conseguir tal explicação. No dia 3 de abril de 2023, houve uma reunião com a diretoria da Santa Casa, onde os familiares foram informados sobre a existência de imagens das câmeras de segurança durante o transporte da paciente, que seriam disponibilizadas apenas mediante pedido judicial.

A solicitação foi feita ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e à Defensoria Pública, porém, as imagens não foram disponibilizadas sob o argumento de que as mesmas haviam prescrevido, diz o pai.

Em nota encaminhada à Tribuna, a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora informou que, em respeito ao devido processo legal, não fará comentários fora dos autos judiciais. “Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a qualidade no atendimento prestado à toda comunidade ao longo de nossa história, que soma quase dois séculos.”

Inquérito policial

Em setembro de 2023, o promotor de Justiça Jorge Tobias requisitou à Polícia Civil a instauração de um inquérito para apurar as circunstâncias envolvendo o caso de Larissa. Além disso, o promotor determinou encaminhamento do procedimento ao Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG), a fim de conhecimento da entidade e para adoção de eventuais providências cabíveis.

Em nota encaminhada à Tribuna, a Polícia Civil, através da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Juiz de Fora, confirmou que o inquérito foi instaurado. Conforme a corporação, a delegacia responsável pelo caso já colheu depoimentos e está realizando diligências para a apuração plena do ocorrido.

A Tribuna procurou o CRM-MG, mas não obteve um retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.

Home Care

No dia 15 de março de 2024, após uma liminar, a família conseguiu um Home Care para Larissa, que agora recebe atendimento médico domiciliar. Conforme o pai, a família também busca na Justiça tratamento por neuromodulação, procedimento mais moderno que poderia contribuir para sua recuperação.

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