Fascismo gourmet: MBL vende café inflacionado e pirata em site

Café Valete, produto comercializado pelo Movimento Brasil Livre. Divulgação

 

Por Ricardo Miranda

O notório grupelho de direita MBL, ou Movimento Brasil Livre, está vendendo embalagens com pó de café gourmet em seu site oficial. Como não é supermercado, mas um movimento político, com um site que até há pouco só vendia bijuterias, como camisetas, chaveiros e canecas, a venda é ilegal, ainda mais rebatizando a marca, por sua conta e risco, do fornecedor.

O café da marca pirata “Valete”, inventada pelo MBL, é vendido por R$ 50,00 o pacote de 250 gramas, em seu portal, e é produzido numa enorme propriedade rural no sudoeste da Bahia, a Fazenda Vidigal, de Planalto da Conquista, de uma família notória por organizar eventos defendendo e financiando o agronegócio.

O MBL ainda por cima inflaciona seu pó de café e pratica preço abusivo. Um café em pó, 250 gramas, custa, em média, R$ 10,00, para os meros mortais. O pó vendido pelo MBL, por ser gourmet, custa, em média, em qualquer site, de R$ 20,00 a 25,00 – metade do preço. Cafés de fazendas com grife, como a fornecedora do MBL, vendem seus cafés a R$ 30,00 a mesma embalagem. Caso do Café Monthal Especial em pó, plantado e colhido em Bom Jardim, interior do Rio de Janeiro, que tem esse preço.

A proprietária da fazenda, a cafeicultora e dita artista plástica Valéria Vidigal, uma milionária defensora do agronegócio, a ponto de fazer palestras e bancar encontros e seminários, informa não ter filiação partidária, e suas redes sociais só falam de seus negócios e sua arte, sem posts políticos. O tema de suas telas são justamente o setor cafeeiro e os quadros estão numa galeria na própria fazenda. Valéria não deixa rastros, mas sua parceria com o MBL deixa claro o seu lado. O MBL tem entre seus princípios a negação à reforma agrária.

Sem limites nos discursos e atitudes – como no assédio a militantes de esquerda, como o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), que chegou a expulsar a pontapés um agressor dessa milícia de direita na Câmara -, o MBL comprou o pó de café para um congresso e depois decidiu incluir o produto, numa embalagem a vácuo, na sua lojinha virtual. Mas, espertamente, rebatizou o “Café Vidigal” de “Café Valete”, marca não registrada para venda de alimentos e criada pelo MBL, originalmente, para arrecadar vendendo suas bugigagas e livros “autografados” do deputado federal, e pretenso pré-candidato a prefeito de São Paulo, Kim Kataguiri (União-SP), um dos fundadores do MBL.

Kim Kataguiri (DEM-SP), um dos fundadores do MBL, no lançamento de seu livro. Reprodução Facebook

O MBL está em crise de identidade. Recentemente decidiu mudar sua logomarca para uma onça pintada, e criar um embrião de partido político batizado de Missão. Até agora, é só uma missão. Até uma certa “Academia MBL”, cujos detalhes estão no site, foi criada, uma picaretagem pseudoacadêmica oferecendo cursos para novos líderes do MBL, com formação teórica e prática em debates, gestão, liderança, marketing, história e filosofia política. Não dá pra imaginar investimento mais inútil. O próximo curso é dia 7 de maio e, além de Kataguiri, são “professores” Renan Santos, outro fundador do grupo, e o filósofo direitista Paulo Cruz, “mestre em Ciências da Religião”.

Defensor do “liberalismo econômico e do republicanismo”, como se intitula, o MBL viveu seu apogeu entre o final de 2014 e 2016, servindo de massa de manobra para os partidos de direita e a notória FIESP, promovendo protestos que contribuíram para o impeachment de Dilma Rousseff. O movimento caminha para a poeira da história, mas não sem antes, usando seu site, arrancar mais uns trocados de liberais desavisados.

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link

Siga nossa nova conta no X, clique neste link

Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link

Adicionar aos favoritos o Link permanente.