Brasileiros residentes nos EUA temem deportação em era Trump

Governos da América Latina alertam sobre plano de deportação de Trump. Imagem: reprodução.

A posse de Donald Trump, marcada para esta segunda-feira (20), desperta um clima de insegurança até entre brasileiros que vivem legalmente nos Estados Unidos. As declarações do presidente eleito sobre intensificar deportações e endurecer a fiscalização imigratória motivam apreensão em várias comunidades. As informações são da Folha de S. Paulo.

“Tem gente dentro de casa que não quer abrir a porta porque tem medo de que seja o ICE [Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas]”, relata Paula (nome fictício), 46, cabeleireira de Maryland que aguarda resposta a um pedido de asilo político. Seu marido, Juan (também nome fictício), trabalha sem documentos há 15 anos, após atravessar a fronteira do México em busca de melhores oportunidades.

A Pew Research Center aponta que cerca de 11 milhões de pessoas viviam em situação irregular nos EUA em 2022, sendo 230 mil brasileiros —mais do que o dobro do registrado em 2012. Para Paula, a incerteza domina: “Eles levaram pessoas que faziam coisas erradas, mas gente de bem também”, diz, referindo-se às batidas realizadas no primeiro mandato de Trump.

Cartaz com os dizeres “Mantenham os imigrantes, deportem Trump” em protesto às vésperas da posse do americano em NY
Imagem: Jamil Chade/UOL

Clara (nome fictício), 32, também teme alterações nas regras de asilo. Ela vive na Califórnia com o marido turco, Mehmet, que quase foi deportado no aeroporto ao tentar retornar de viagem. “No dia que ele ganhou a eleição, nós consideramos tudo: até divórcio e casamento com um americano”, admite. Agora, ela prefere que a audiência na Justiça demore a ocorrer, a fim de prolongar sua permanência legal.

Há, porém, quem se mostre confiante. “Zero medo. Eu já vi muita gente deportada, mas alguma coisa errada fizeram”, afirma o catarinense Décio Dassoler, 44, que mantém uma empresa de construção em Maryland, mesmo sem documentos de permanência. Em sua opinião, as autoridades vão priorizar imigrantes com antecedentes criminais, preservando quem trabalha e paga impostos.

O American Immigration Council, grupo de defesa dos direitos de imigrantes, estima que deportar todas as pessoas em situação irregular ou com vistos temporários revogáveis custaria US$ 315 bilhões (R$ 1,8 trilhão) ao governo americano. Enquanto isso, associações e igrejas promovem encontros e palestras para orientar quem teme ficar na mira das autoridades a partir do novo governo republicano.

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