A verdade que a mídia esconde sobre Trump: criminoso é empossado presidente dos EUA

Foto oficial de Trump como 47º presidente dos Estados Unidos – Foto: Reprodução

Por Edward Magro

No dia da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, uma manchete poderia resumir perfeitamente o estado real do evento: “Criminoso é empossado presidente dos Estados Unidos.” Infelizmente, os portais de notícias parecem mais interessados em bajular o ex-apresentador de reality show e seu inconfundível tom laranja, especulando e tentando convencer o público de que o mundo entrará em um paraíso de paz, fartura e estética impecável sob sua gestão. Quem precisa de imparcialidade jornalística quando há uma narrativa hollywoodiana à disposição?

Mesmo ocupando o mais alto cargo político do país, Donald Trump parece destinado a frequentar os tribunais tão frequentemente quanto os holofotes da Casa Branca. O ex-presidente, que acumula seis processos significativos em diferentes áreas, enfrenta um enredo tão intrincado que poderia render um extenso catálogo de séries na Netflix. Resta saber como ele conciliará uma agenda presidencial repleta de encontros bilaterais com sua “agenda delinquente”, cheia de audiências judiciais.

De acordo com o New York Times, além de uma centena de processos menores, Trump responde a seis grandes ações com implicações nacionais. Em três delas, já há vereditos expedidos por juízes. Ou seja, dos seis processos, Trump é considerado criminoso em três, embora seus advogados continuem utilizando todos os recursos possíveis — e impossíveis — para adiar pagamentos e evitar a prisão. Os outros três processos estão em andamento. Em um país minimamente sério, Trump estaria preso; nos EUA, em vez de recolhido a um presídio, passa a desfrutar da Casa Branca a partir de hoje.

A imunidade presidencial, privilégio ao qual ele tem acesso a partir deste momento, é um escudo temporário, mas não absoluto.

Ser presidente dos Estados Unidos traz benefícios consideráveis, e a imunidade presidencial está entre os mais cobiçados — ainda que temporários. Certos processos judiciais podem ser suspensos enquanto Trump estiver no cargo, especialmente aqueles ligados às suas ações enquanto chefe de Estado. Contudo, essa imunidade tem limites e não protege contra processos civis ou criminais relacionados a condutas pessoais.

Na prática, isso significa que Trump provavelmente tentará utilizar sua influência presidencial para postergar ao máximo as ações judiciais. Seja por meio de recursos, adiamentos ou pressão sobre autoridades competentes, sua presidência será palco de uma estratégia constante de protelação.

Entre tribunais e discursos, Trump continuará a manipular a opinião pública a seu favor. Sua habilidade em criar uma “narrativa de perseguição” é uma arma poderosa para mobilizar apoiadores, mesmo quando os fatos contrariam sua versão dos eventos. Big techs, influenciadores e comentaristas políticos terão um papel fundamental em amplificar uma realidade paralela que beneficie Trump.

Seja adiando processos ou enfrentando julgamentos, Trump está determinado a transformar sua presidência em uma verdadeira montanha-russa jurídica. O desfecho de cada caso ainda é incerto, mas uma coisa é certa: os próximos anos prometem uma mistura de drama político, estratégias legais e o habitual espetáculo trumpiano. Como sempre, o protagonista será ele; nem na condição de criminoso o “palhaço alaranjado” abrirá mão do palco.

Breve compilação dos seis processos judiciais de Trump:

1. Conspiração e tentativa de obstrução da posse de Joe Biden (6 de janeiro)

Trump enfrentou acusações relacionadas à tentativa de reverter a eleição de 2020, culminando na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Ele pode tentar alegar imunidade presidencial para suspender o caso, mas há o risco de o Supremo Tribunal decidir pelo prosseguimento. Esse caso também tem potencial para pressionar pelo impeachment, caso algum fato novo surja durante o mandato.

Apoiadores de Donald Trump atacam o Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro de 2021 – Foto: Leah Millis/Reuters

2. Desvio e retenção de documentos oficiais confidenciais (Mar-a-Lago, Flórida)

Trump é acusado de reter documentos secretos indevidamente em sua residência na Flórida. Embora ele possa argumentar que os documentos estavam sob sua gestão como presidente, o caso parece escapar ao escudo da imunidade presidencial. O caminho jurídico é longo, mas cada audiência promete um circo midiático — e circo é sua especialidade.

3. Hush Money: O silêncio custa caro

Um dos escândalos mais polêmicos é o pagamento de silêncio à atriz Stormy Daniels. Trump já foi condenado por falsificar registros comerciais relacionados ao caso, mas continua recorrendo. Como a ação ocorreu antes de ele assumir o cargo, a imunidade presidencial não se aplica. A sentença foi proferida dez dias antes de sua posse.

4. Fraude eleitoral na Geórgia

Este caso envolve a famosa ligação em que Trump pressionou autoridades da Geórgia a “encontrar votos perdidos” para reverter os resultados da eleição. Como essa conduta não está relacionada à presidência, a imunidade também não se aplica. O processo segue um ritmo próprio e representa um risco concreto para Trump.

5. Difamação contra E. Jean Carroll

A escritora E. Jean Carroll acusa Trump de difamação após um processo por assédio sexual. Embora ele negue as alegações, um tribunal já determinou uma indenização milionária. Sem imunidade presidencial, Trump enfrenta desafios difíceis neste caso, que continuará normalmente, independentemente de quantos recursos forem apresentados.

6. Fraude nos negócios da Trump Organization

Acusado de inflar valores de ativos, Trump e sua empresa enfrentam uma multa que supera os US$ 450 milhões. Este é outro caso em que a imunidade presidencial não oferece proteção, pois está relacionado a condutas de negócios anteriores e à administração de sua empresa pessoal. Um presidente que deu um golpe de US$ 450 milhões em seus sócios é, no mínimo, inusitado.

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