Morte de turista de SP em ponto turístico do CE não tem ligação com gesto feito em foto, diz polícia

A Polícia Civil segue investigando a morte do turista paulista Henrique Marquez de Jesus, de 16 anos, que foi achado sem vida após desaparecer na Vila de Jericoacoara, no Ceará, em dezembro passado. Inicialmente, a suspeita era de que a motivação tivesse sido uma foto que ele compartilhou nas redes sociais, na qual fazia um gesto com a mão, que teria sido relacionado a uma facção. No entanto, com o andamento das investigações, os indícios apontam para outro rumo.

O delegado Júlio Morais, responsável pelo caso, disse ao portal “Metrópoles” que uma camisa com o símbolo de uma facção criminosa teria motivado o crime. Essa informação surgiu durante os depoimentos dos suspeitos, sendo que, dos sete identificados por ligação com o assassinato, dois menores foram apreendidos e um terceiro aguarda decisão judicial para oficializar a internação.

Os adolescentes contaram que o turista paulista foi até um ponto de venda de drogas, na noite do dia 16 de dezembro de 2024, quando chamou a atenção por causa de uma camiseta que usava, que tinha um desenho de meia lua. Essa imagem seria relacionada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), sendo que o grupo criminoso atuante em Jericoacoara seria o Comando Vermelho (CV).

“O Henrique não faleceu em virtude de ter feito um símbolo numa postagem no Instagram. Ele faleceu porque chamou a atenção dos criminosos por estar vestindo uma blusa, que teria um símbolo ou desenho relacionado a um grupo criminoso rival. A partir disso, os criminosos, supostamente, o julgaram integrante do tal grupo e mexeram no celular dele para buscar mais informações”, disse o delegado.

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Apesar disso, o investigador disse que Henrique foi achado sem camiseta e o item também nunca foi localizado. “Não temos absoluta certeza dessas informações. Não tivemos acesso ao celular da vítima. Ele nunca foi encontrado. A polícia crê nessa informação, porque não houve contradição das testemunhas e ela veio dos próprios envolvidos. Não tem como atestar que ela seja verídica, mas eu acredito que seja”, afirmou Morais.

O adolescente estava em viagem de férias a Jericoacoara com o pai, o empreiteiro de obras Danilo Martins de Jesus, de 33 anos. A família, que é de Bertioga, no litoral paulista, negou que ele tivesse qualquer ligação com grupos criminosos.

Relembre o caso

Henrique desapareceu na madrugada do último dia 17 de dezembro. Após comunicar o desaparecimento do filho à polícia, Daniel recebeu um vídeo que mostra o adolescente sendo rendido e carregado por, ao menos, sete pessoas. O corpo do jovem foi encontrado no dia seguinte, próximo à Lagoa Negra, local afastado do centro da vila, com sinais de tortura.

Na ocasião, o pai de Henrique pediu que os turistas sejam orientados sobre os gestos utilizados por facções da região e que não devem ser feitos no local.

“Isso que ele fez com as mãos nas fotos é normal onde moramos. O moleque tinha 16 anos. Deveriam ter orientado e não fazer uma crueldade dessas, achando que um moleque de 16 anos era envolvido com facção”, desabafou o pai.

Agora, com a reviravolta das investigações, o Daniel voltou a dizer que seu filho não tinha ligação com atividades ilícitas.

“Estão querendo inverter a situação, como se ele fosse bandido para abafar o caso. Meu filho não é bandido. Ele não foi a primeira nem será a última vítima do que acontece lá [em Jericoacoara], aquele lugar amaldiçoado”, disse ele, ao “Metrópoles”.

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