‘De Minas para o Brasil e o mundo’: Mostra de Cinema de Tiradentes coloca 140 filmes em exibição

28ª Mostra de Cinema de Tiradentes

28ª Mostra de Cinema de Tiradentes
28ª Mostra de Cinema de Tiradentes acontece entre 24 de janeiro e 1º de fevereiro (Foto: Leo Lara/ Universo Produção)

Logo no primeiro mês do ano, já é possível começar a vislumbrar o que vai ser o cinema brasileiro de 2025. A 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes dá início ao calendário de audiovisual levando para a cidade histórica 140 filmes nacionais, de variadas partes do país, justamente com essa finalidade. O evento acontece entre 24 de janeiro e 1º de fevereiro com programação completamente gratuita, que se divide entre o Cine-Praça, o Cine-Tenda e o Cine-Teatro. O tema “Que cinema é esse?” busca trazer reflexões sobre o momento da produção nacional e quais são os variados aspectos que definem e compõem a produção cinematográfica brasileira. Além das exibições, a cidade também recebe shows, lançamentos de livros, oficinas e fóruns de discussão para políticas públicas, também movimentando o turismo na região. A programação completa pode ser vista no site do evento.

Entre os filmes selecionados, foram 43 longas, 1 média e 96 curtas-metragens vindos de 21 estados brasileiros. Entre os destaques, por exemplo, estão “Baby”, de Marcelo Caetano, filme que ganhou prêmio em Cannes, e o documentário “Milton Bituca Nascimento”, de Flávia Moraes, sobre a última turnê do artista. “Vamos apresentar para o público o que vai ser o cinema brasileiro de 2025. (…) É um olhar para essa produção que, muitas vezes, não chega no circuito comercial”, afirma Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora geral da Mostra Tiradentes. A relevância dos festivais, para ela, é justamente reforçar o audiovisual mais diverso. “Estamos vivendo uma overdose de digital, então a experiência de estar presencialmente, de poder assistir ao filme em uma praça ou sala de cinema, é cada vez mais necessária. A mostra, que já está consolidada no mercado nacional e internacional, é aguardada todo ano, e é o maior evento do cinema brasileiro em formação, reflexão e difusão.”

cinema raquel hallak
(Foto: Leo Lara/ Universo Produção)

Também por esse contexto que, para ela, foi tão importante buscar um tema que se dedicasse a entender todos os fatores que fazem o cinema brasileiro ser o que é. “A proposta desse ano norteia uma indagação que estamos fazendo desde o pós-pandemia, sobre as mudanças que aconteceram no audiovisual, tanto na forma de fazer cinema quanto em quem está fazendo, os estilos e as narrativas. (…)  Diante desse conjunto de perspectivas e constatações, a equipe curatorial propõe trazer como temática uma reflexão para a gente olhar para as telas e pensar que cinema é esse que estamos vendo que está sendo feito no Brasil, o que ele representa e quem está fazendo, em função dessas mudanças que estão acontecendo no audiovisual”, explica.  A busca por respostas, então, guiou a programação que se apresenta nas mostras Olhos Livres, Aurora, Homenagem, Autorias, Temática, Vertentes, Clássicos de Tiradentes, Praça, Foco, Formação, Panorama, Jovem, Valores, CineEmbraturLab, Debate, Território Mineiro e Conexão BCM. 

Neste ano, ainda, o festival contou com algumas mudanças na configuração das mostras, já que teve alterações no formato: a Olhos Livres será avaliada pelo Júri Oficial, enquanto a Mostra Aurora será avaliada pelo Júri Jovem com sessões no fim da tarde, e passa a contar apenas com filmes de cineastas em seu primeiro longa. Já a Foco, dedicada a curtas-metragens, mantém o perfil da pluralidade e radicalidade, e segue sendo avaliada pelo Júri Oficial. Outro diferencial deste ano, conforme Raquel explica, é a iniciativa de residência artística para crítica cinematográfica, que colabora para a formação desses profissionais. 

Homenagem a Bruna Linzmeyer 

Como de costume, o festival também escolhe um homenageado a cada edição. Em 2025, essa honraria é direcionada à atriz Bruna Linzmeyer, reconhecida por seu importante papel na vida política, social e cultural do país. “A homenagem dialoga com a temática. A mostra sempre olha para quem está fazendo a diferença na cena audiovisual brasileira, quem tem uma carreira consistente. A escolha da Bruna Linzmeyer diz muito sobre o que a gente está propondo para essa edição. É uma atriz ousada, que não se atém só ao papel de atriz, é protagonista da sua própria vida – das questões sociais e culturais do país, está sempre atenta a essas mudanças”, afirma Raquel.

Além disso, a versatilidade da atriz também é destacada pela organização, já que ela participa de produções em cinema, TV e séries. Na programação, alguns desses filmes podem ser vistos e revistos: “O vento frio que a chuva Traz”, Neville d’Almeida; “Cidade; Campo” (2024), Juliana Rojas; “Baby” (2024), Marcelo Caetano; “Notícia populares (episódio 6)”, Marcelo Caetano; “Uma paciência selvagem me trouxe até aqui” (2021), Eri Sarmet; “Se eu tô aqui é por mistério” (2024), Clari Ribeiro; “Medusa” (2021), Anita Rocha da Silveira; “O filme da minha vida” (2017), Selton Mello; “O grande circo místico” (2018), Cacá Diegues; e “Alfazema” (2019), Sabrina Fidalgo. “Ela representa esse cinema brasileiro contemporâneo.”

O que o cinema está nos dizendo

Entender o que os filmes estão dizendo e o que podem apontar de novos caminhos, não só para o ano de 2025 como para toda a década, não é tarefa fácil. A organização do festival precisa se mobilizar o ano inteiro para colocar a mostra de pé, e ainda reunir os vários profissionais que buscam avaliar as qualidades artísticas, entender as mudanças trazidas por streamings e até pela inteligência artificial, ao mesmo tempo que se preserva o passado e se traça uma identidade cultural. “A gente espera que o evento possa ser um ponto de convergência e um espaço do audiovisual que apresente as inovações, as renovações, as mudanças e permanências. Esperamos que seja um evento que possa ir além do entretenimento, que seja um evento no qual a gente possa se ver na tela e pensar no momento presente”, afirma Raquel. Para isso, a programação também traz essa relação com as outras formas de arte, como a literatura e a música, que estão na programação oficial.

O efeito econômico e cultural dessa mostra também se torna bastante evidente por quem anda pela cidade mineira na época do evento. “São mais de 250 empresas contratadas e mais de 2 mil empregos gerados entre os diretos e indiretos, além dos efeitos multiplicadores que um evento como esse consegue proporcionar. É um grande investimento de Minas para o Brasil e o mundo”, diz a organizadora. A abertura do festival, por sua vez, acontece na sexta-feira (24), às 20h30, com a pré-estreia mundial de “Girassol vermelho”, novo longa-metragem do diretor mineiro Éder Santos.

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