Grávida brasileira ameaça processar o governo Trump por cidadania da filha

A brasileira Alice, grávida de sete meses, ao lado de sua filha e seu marido nos Estados Unidos. Foto: BBC News Brasil

A brasileira Alice (nome fictício) vive nos Estados Unidos, está grávida de 7 meses e decidiu processar o governo do presidente Donald Trump, que assinou uma ordem executiva que retira o direito à cidadania americana de bebês filhos de imigrantes nascidos no território americano.

Natural do Mato Grosso, ela tem 35 anos e vive há quase 11 anos no país com o marido. Alice espera o nascimento da segunda filha, que deve ocorrer em abril, enquanto a primeira, hoje com 9 anos, nasceu em Massachusetts e tem passaporte brasileiro e americano.

A mulher atualmente coordena uma equipe de limpeza doméstica e o marido tem uma construtora. Os dois já chegaram a cumprir jornadas em três empregos por dia e atualmente possuem casa própria, alguns terrenos no país e uma renda mensal de US$ 20 mil (cerca de R$ 120 mil).

O casal planejava o segundo filho há algum tempo e Alice chegou a ter um aborto espontâneo antes da gestação atual. A felicidade com a chegada da nova bebê, no entanto, agora disputa espaço com a tensão que os brasileiros têm sofrido no país.

“Acho que ele voltou com muito mais ódio, basta ver a quantidade de coisas contra os migrantes que ele está fazendo. Apenas uma pessoa com muito ódio para fazer uma maldade dessas”, afirmou Alice à BBC News Brasil.

Donald Trump assina decretos na Casa Branca. Foto: Jim Watson/AFP

A brasileira já consultou três advogados para estudar uma ação contra o republicano e diz que nunca teve coragem de começar a regularizar sua situação migratória por medo de ser deportado. O risco da filha nascer sem a cidadania, no entanto, mudou a situação.

“Eu já tenho uma filha americana, e aí eu teria uma segunda filha que seria considerada uma imigrante ilegal. Isso não é justo e acredito que seja ilegal e vá ser revertido. Se por acaso essa ordem executiva realmente for adiante, eu processo o Estado, processo o governo federal”, prosseguiu.

A brasileira afirma que sua situação no país é irregular, mas que não se sente uma criminosa, como Trump costuma descrever imigrantes. “Não tenho medo, não, porque pago meus impostos, apesar de eu ser ilegal, faço tudo que tem que ser feito para andar certinho aqui dentro do país. Vou até o fim para conseguir os documentos da minha filha”, completa.

Alice não é a única que vai brigar na Justiça pelo direito. Outros brasileiros, entidades que defendem de imigrantes e procuradores têm protocolado processos contra a ordem de Trump que tenta acabar com uma lei que tem mais de 150 anos e faz parte da Constituição do país.

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