“Há valores que vêm antes da política”, diz Barroso sobre atentados contra a democracia

Ministro Barroso, do STF, em evento da Veja e do Lide. Foto: reprodução

Durante o Brazil Economic Forum, realizado em Zurique, Suíça, o ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, destacou a importância de recuperar a civilidade no Brasil. Segundo ele, o país vive uma compulsão de desqualificar quem pensa de forma diferente, o que contribui para a polarização política.

“Há valores que vêm antes da política, associados à vida ética. O primeiro é a civilidade, que é tratar os outros com respeito e consideração. Recuperar a civilidade é muito importante”, afirmou Barroso no evento promovido pela Veja e pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).

O ministro também alertou para o “desprestígio global da democracia” e para os riscos do populismo autoritário, que, segundo ele, ganha força ao explorar promessas não cumpridas de prosperidade pelas democracias. Para Barroso, é essencial proteger o regime democrático e combater discursos que enfraquecem suas bases.

Barroso comentou ainda sobre a polarização política no Brasil, mencionando sua frustração por não ter atuado mais para diminuir a tensão.

No entanto, demonstrou satisfação com o andamento das investigações sobre os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram o Congresso, o STF e o Palácio do Planalto. O ato foi motivado pela insatisfação com a derrota de Jair Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais.

Barroso, presidente do STF, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

“Precisamos realizar esses julgamentos, porque, senão, da próxima vez que alguém perder (a eleição), achará que pode fazer a mesma coisa e invadir prédios. É uma questão de preservar o estado democrático de direito”, explicou o ministro.

Ao ser questionado se temeu pelo fim da democracia no país, Barroso reconheceu que houve momentos de preocupação intensa. Ele revelou ter recebido convites de universidades estrangeiras para deixar o Brasil, mas decidiu permanecer.

“Chegamos mais perto (do golpe) do que imaginávamos, mas a imprensa foi uma resistência importante, assim como o STF e as Forças Armadas, que não embarcaram nessa aventura”, disse, citando a música que descreve seu sentimento: “Não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas”.

O ministro concluiu reforçando a necessidade de diálogo e respeito entre diferentes correntes de pensamento como caminho para fortalecer a democracia no Brasil.

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