É a renda, Sidônio. Por Moisés Mendes

O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira. Foto: Mateus Mello/Estadão Conteúdo

O Estadão estampou em manchete, na capa do site, durante toda a manhã dessa quinta-feira, oito chamadas em sequência, uma embaixo da outra, com ‘análises’ negativas sobre a economia brasileira.

As oito chamadas com previsões e adivinhações só foram sair da capa às 11h, quando a notícia passou a ser a indicação de ‘Ainda Estou Aqui’ e de Fernanda Torres ao Oscar. Foi a manchete boa da manhã.

As oito ‘análises’ com notícias ruins sobre a economia abordavam desde o risco de desaceleração do crescimento, passando pela inevitável questão fiscal, inflação, dólar, juros e as ameaças de Trump e chegando a outras pautas manjadas.

E tinham, como sempre têm, um mas. O mas, dessa vez, era a notícia boa. Era esse: mas teremos uma supersafra. Foi a concessão feita à informação de que haverá boa oferta de alimentos para os brasileiros e para exportação.

Tem sido assim todos os dias em todos os jornalões, com graduações da carga depreciativa da economia, dependendo das obsessões de cada um. A obsessão em comum agora é essa: o Brasil não sustenta o terceiro ano de crescimento, pelas mais variadas alegações.

Pergunta-se: por que o esforço em trabalhar contra as notícias boas da chamada macroeconomia, quando essa nunca foi uma prioridade da grande imprensa anti lulista? Nunca os jornalões conspiraram tanto contra PIB, emprego, consumo e renda como agora.

Pois esse é o novo cenário da sabotagem, construído para o terceiro governo de Lula. As pautas das falsas moralidades, sobre o que poderia ser considerado corrupção ou desvio de conduta, foram esvaziadas pela pulverização do lavajatismo.

As questões pautadas pelo ultraconservadorismo, do aborto à homofobia, não interessam aos jornalões. Resistir ao nikolismo é o que resta de escrúpulos, em meio a um ambientalismo de jardinagem e à defesa genérica de direitos fundamentais.

A obsessão dos jornalões é envenenar a economia, Sidônio. É mais do que pregar a defesa dos arcabouços. É mesmo a defesa do rentismo anti lulista. Não há concessão fiscal que afrouxe o cerco.

E aí é que se dá, pelos esforços da Faria Lima articulada com a elite empresarial ainda produtiva, mais Estadão, Folha e Globo, o que Luiz Gonzaga Belluzzo identifica como a conexão entre a extrema direita e o extremo liberalismo econômico.

Sempre sob as vontades hegemônicas do capital financeiro. Por isso Fernando Haddad não consegue, apesar do seu histórico, da seriedade e da qualidade como economista e como homem público, convencer o mercado de que vai pelo menos chegar perto do que eles desejam na gestão das contas.

Porque a ambição sempre urgente dessa gente, a que prevalece hoje e vai predominar amanhã, é continuar impondo as condições do mercado. É o rentismo, Sidônio.

Não é clichê, não é retórica defensiva, é o que está dado. Além de Belluzzo, outros já reconheceram que, pelo ponto de vista das abordagens ‘técnicas’, tudo tem sido exagerado no humor do mercado.

É mais do que mau humor. É o antilulismo exacerbado, Sidônio. É o que está na essência do comportamento de todos eles e que faz com que os interesses de Globo, Folha, Estadão, Faria Lima, centrão, Fiesp, grileiros, garimpeiros e milicianos acabem convergindo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Ricardo Stuckert/PR

Todos querem derrubar Lula ainda esse ano, porque em 2026 pode ser complicado e mais traumático. E derrubar não significa dar um golpe, como deram em Dilma, mas torná-lo incapaz de seguir em frente com um mínimo de governabilidade e decência.

E assim a velha mídia analógica, que vai fazendo sua transição para o mundo virtual sem grandes traumas, está aí, pautando, oferecendo manchetes, editando cortes que abastecem extrema direita e extremo liberalismo econômico.

As redes sociais fazem o serviço mais sujo, do ódio e da mentira sem retoque, para que o cerco se feche. E a grande mídia subestimada vai dando as notícias ruins e fazendo previsões e adivinhações desestabilizadoras. São crueldades e ressentimentos bem vestidos e até cheirosos.

E a saída? Só há uma saída grandona, que transforma todas as outras em secundárias. Oferecer aos brasileiros a certeza, e não só a sensação, de que melhoraram de vida. Porque não há indicadores de emprego, de PIB e de nível de produção e de caixas de papelão que resolvam.

Aí é a renda, Sidônio. É o dinheiro no bolso, por controle da inflação, por ganhos indiretos complementares, por menos imposto de renda. Confiança, estabilidade e grana, não só pra comer, mas também pra diversão e arte. Lula sabe. É a renda, Sidônio.

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