‘Gangues” de macacos nas ruas da Tailândia: brasileira mordida não é caso isolado

O caso da influenciadora brasileira Paloma Souza, mordida por um macaco numa praia da Tailândia, que viralizou nas redes sociais nesta semana, chamou a atenção para um problema recorrente que tem afetado até a economia do país do Sudeste Asiático: a crescente população desses animais, que estão cada vez mais violentos na busca por comida.   

O fato tem atormentado nos últimos anos não só os viajantes, mas também os moradores de várias províncias. No ano passado, após vários ataques terem sido registrados, as autoridades praticamente admitiram que perderam o controle sobre os macacos, especialmente os de Lop Buri, uma província localizada no centro do país que atrai visitantes de todo o mundo pela vasta quantidade de templos budistas.

Calcula-se que cerca de 2,2 mil desses animais circulam livremente pela cidade. 

Os macacos que vagam por Lop Buri são um símbolo da cultura local e um grande atrativo turístico. Eles têm até um festival em novembro em sua homenagem, o Monkey Buffet Festival, realizado desde 1989.  

Mas depois de anos de encontros perigosos com moradores e visitantes e várias tentativas fracassadas de trazer a paz com controles populacionais, por meio de esterilização, a população e as empresas locais se cansaram. 

Turismo busca recuperação 

Antes da pandemia, a Tailândia era o segundo maior destino turístico da Ásia, com quase 40 milhões de visitantes, perdendo apenas para a China. Esse número caiu para 11,1 milhões em 2022 e se recuperou um pouco em 2023, atingindo 28 milhões de pessoas. A meta do governo era alcançar o patamar de 2019 até final do ano, mas o número evoluiu para 35 milhões. 

Existem vários motivos para o país ainda não ter atingido o pico de visitas de 2019, incluindo áreas com risco de ataques de insurgentes, legislação dura e até crises geopolíticas envolvendo a China, a principal origem dos viajantes.

A possibilidade de ataques de animais selvagens é uma dessas causas, embora não seja possível precisar seu impacto. 

Além disso, há temores de excesso de turistas, o que motivou um pedido de um imposto de 300 bath (a moeda local) – cerca de R$ 41,00 – para todos os turistas que entrarem no país. 

Gangues de macacos

Mas é o convívio violento entre animais e pessoas que tem rendido as notícias mais interessantes. Cada vez mais, os macacos tentam roubar comida dos humanos, um comportamento que foi gerado pela própria atitude descuidada dos turistas. Às vezes, as investidas resultam em brigas que podem deixar as pessoas com arranhões e outros ferimentos.

Os macacos passaram a atacar veículos, o comércio e casas. Pior que isso, gangues rivais de macacos também já travaram batalhas nas ruas, pelo desequilíbrio entre o número de animais e os alimentos disponíveis. 

Em março, uma mulher deslocou o joelho e teve outros ferimentos depois que um macaco a puxou pelos pés em um esforço para pegar comida. Outro homem foi derrubado de uma motocicleta em movimento por um macaco faminto. Em novembro, um turista sueco foi mordido no pescoço.

Indenizações

Após o aumento de casos, o governo estipulou compensações financeiras para quem sofresse ataques não só macacos, mas também de elefantes, ursos e gauros (uma espécie de bisão).  

Os cheques vão de valores de 30 mil bath, o equivalente da R$ 4 mil, passando por 50 mil bath (cerca de R$ 7 mil) no caso de perda de um membro, até 100 mil bath (R$ 13,7 mil em caso de morte. Há ainda compensações diárias de 300 bath (R$ 41) nas internações hospitalares.   

Plano 

Autoridades tailandesas especializadas em vida selvagem apresentaram um plano para tentar trazer paz nesse tipo de conflito. A ideia era capturar cerca de 2.500 macacos urbanos em todo o país e colocá-los em enormes instalações reservadas, segundo um diretor do Departamento de Parques Nacionais, Vida Selvagem e Conservação de Florestas.  

Eles passaram a trabalhar com especialistas em vida selvagem para encontrar uma maneira de permitir que um número limitado de macacos pudesse continuar em liberdade na cidade. “Não quero que os humanos tenham que machucar macacos, e não quero que macacos tenham que machucar humanos”, disse o diretor. 

Uma campanha oficial de captura de macacos foi lançada, priorizando os machos alfa mais agressivos. Mas, embora as capturas tenham sido frequentes e o número de cativos tenha chegado a 1,6 mil, as instalações temporárias não se mostraram totalmente seguras. No final do ano, cerca de 300 macacos escaparam de sua jaula em um berçário e invadiram a delegacia de polícia de Tha Hin.

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