PF orienta Moraes a não devolver celular e computador a Braga Netto

O general Braga Netto, preso por interferir nas investigações da trama golpista. Foto: reprodução

A Polícia Federal (PF) manifestou-se nesta quinta-feira (23) contra a devolução de dispositivos eletrônicos apreendidos do general Walter Braga Netto, atualmente preso por envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado. Em manifestação encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a corporação alegou que os aparelhos, como celular, computador e pendrives, são indispensáveis para futuras análises periciais.

“A Polícia Federal entende necessária a manutenção da custódia dos referidos bens apreendidos para fins de eventual confronto e realização de nova extração pericial”, destacou a corporação no documento.

Os dispositivos foram recolhidos durante a Operação Tempus Veritatis, realizada em 8 de fevereiro de 2024, em quatro locais associados a Braga Netto. A defesa do general, no entanto, argumenta que os conteúdos já foram analisados e utilizados no relatório final da investigação, solicitando a devolução dos itens.

Braga Netto, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL), foi indiciado por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de direito e organização criminosa.

Segundo delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o general teria recebido dinheiro para coordenar um plano que previa assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes.

O general Braga Netto, preso por interferir nas investigações da trama golpista. Foto: reprodução

Além disso, a PF acusa Braga Netto de tentar interferir nas investigações ao manter contato com o general Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid, após a delação premiada deste último. A corporação alega que Braga Netto buscou “controlar as informações fornecidas” pelo delator, o que caracterizaria obstrução de Justiça.

Novos elementos surgiram no último depoimento de Mauro Cid, dado em 21 de novembro de 2024. Ele alterou a versão anterior, afirmando que Braga Netto teria entregado dinheiro aos chamados “kids pretos”, militares das Forças Especiais do Exército, para financiar um plano de assassinato de autoridades. O montante, segundo Cid, foi repassado ao general por membros do agronegócio.

A PF também revelou que Braga Netto e o pai de Mauro Cid mantiveram intensa comunicação, incluindo ligações e mensagens, sobretudo em agosto de 2023, poucos dias antes da operação de busca relacionada ao caso das joias desviadas da Presidência. Para os investigadores, esse comportamento reforça a tentativa do general de monitorar a delação do tenente-coronel.

Atualmente, Braga Netto cumpre prisão preventiva na 1ª Divisão do Exército, localizada na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Por ser general quatro estrelas, ele permanece em uma sala de Estado-Maior, com direito a ar-condicionado, televisão e banheiro exclusivo.

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