Desorientação durante o voo é uma das causas do acidente aéreo em Gramado

Foto: Reprodução

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou neste sábado, 25 de janeiro, um relatório preliminar sobre o acidente envolvendo o avião Piper Cheyenne, pilotado pelo empresário Luiz Cláudio Galeazzi, que ocorreu em Gramado, no dia 22 de dezembro de 2024. O documento aponta duas causas principais para o desastre: voo controlado contra o terreno (CFIT) e perda de controle em voo (LOC-I).

O termo CFIT (Controlled Flight Into Terrain) refere-se a colisões de aeronaves com o solo, água ou obstáculos, mesmo quando os sistemas e equipamentos estão funcionando corretamente e sob controle do piloto. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), esse tipo de acidente geralmente ocorre devido à falta de conhecimento preciso do piloto sobre a localização da aeronave em relação ao terreno.

No caso do acidente, as condições meteorológicas adversas, incluindo forte cerração, foram um fator relevante. O Aeroporto de Canela, ponto de partida da aeronave, não possui estação meteorológica nem torre de controle para autorizações de pouso ou decolagem, o que transfere a decisão sobre prosseguir ou não com o voo ao piloto.

Especialistas, como o consultor aeronáutico Hilton Rayol e o examinador de pilotos Fabio Borille, ressaltaram que o CFIT é frequentemente resultado de desorientação espacial ou perda de consciência situacional. Borille observou que as condições climáticas no momento do acidente indicavam que Galeazzi deveria ter adiado a decolagem. “O fator CFIT é uma forma de desorientação espacial, em que pilotos não percebem corretamente sua posição e orientação em relação ao terreno, levando a colisões significativas”, explicou Rayol.

Perda de controle em voo (LOC-I)

Outro fator apontado no relatório é o LOC-I (Loss of Control In-Flight), uma perda extrema de controle da trajetória de voo. Segundo a Anac, essa ocorrência é caracterizada por desvios acentuados, geralmente provocados por condições meteorológicas adversas ou erros humanos. O Cenipa reforçou que o relatório é preliminar e pode sofrer alterações à medida que a investigação avança. “As investigações não têm como objetivo determinar culpados ou responsabilizações, mas identificar fatores contribuintes que possam esclarecer aspectos técnicos do acidente”, destacou o documento.

O acidente

A aeronave, de prefixo PR-NDN, partiu de Canela às 9h15min com destino a Jundiaí (SP). Três minutos após a decolagem, o avião fez uma curva acentuada à direita, colidindo com a chaminé de um prédio em construção antes de atingir uma casa e uma loja de móveis. Os destroços também afetaram uma pousada na região da Avenida das Hortênsias, no bairro Avenida Central.

No momento do impacto, o avião transportava 10 pessoas da família Galeazzi, todas fatais. O acidente também deixou 17 feridos, sendo que dois permanecem internados em hospitais de Porto Alegre.

Impacto e próximos passos

O acidente trouxe um alerta sobre os riscos de voar em condições meteorológicas desfavoráveis e a importância de infraestrutura adequada em aeroportos regionais. A conclusão do relatório final do Cenipa ajudará a esclarecer detalhes técnicos e apontar medidas para evitar ocorrências semelhantes no futuro.

 

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