Sucesso de ‘Ainda Estou Aqui’ incomoda militares por expor os crimes da ditadura

Selton Mello e Fernanda Torres no cartaz do filme “Ainda Estou Aqui” – Foto: Reprodução

O alto escalão das Forças Armadas tem demonstrado insatisfação com o sucesso de “Ainda Estou Aqui”, filme que aborda a repressão durante a ditadura militar no Brasil.

O longa, dirigido por Walter Salles e estrelado por Selton Mello e Fernanda Torres, ganhou prêmios internacionais e concorre ao Oscar, reacendendo um debate que muitos militares gostariam de evitar. Nos quartéis, o desconforto, segundo a colunista Monica Gugliano, do Estadão, seria evidente, com conversas reservadas e até reclamações a comandantes, que optam por ignorar o tema publicamente.

O filme retrata a história de Rubens Paiva, deputado federal cassado após o golpe de 1964 e sequestrado por agentes do regime em 1971. Levado para o DOI-CODI no Rio de Janeiro, nunca mais foi visto. A produção detalha a perseguição política sofrida por sua família e denuncia as práticas de tortura e desaparecimento forçado, elementos que continuam a incomodar setores militares que tentam minimizar os abusos cometidos no período.

A nova geração de oficiais busca se distanciar desse passado, mas o filme reforça o peso histórico das violações de direitos humanos cometidas sob o regime. O reconhecimento oficial da morte de Rubens Paiva, agora corrigido em sua certidão de óbito, só aumentou o mal-estar entre os militares. “É um tema que nunca foi bem aceito nas Forças Armadas, seja pelos que repudiavam os métodos ou pelos que os justificavam como uma guerra contra o comunismo”, afirmou um analista militar.

Além de Rubens, “Ainda Estou Aqui” traz à tona outros casos marcantes da repressão, como o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, cuja morte foi inicialmente forjada como suicídio, e o desaparecimento de Stuart Angel, filho da estilista Zuzu Angel.

Vladimir Herzog em foto em preto e branca
Vladimir Herzog em imagem de seu instituto – Foto: Reprodução

Para historiadores, a repercussão do longa reforça a importância da memória sobre os crimes da ditadura e a necessidade de lidar com um passado ainda não totalmente esclarecido. “Se hoje o Brasil é uma democracia, isso só foi possível porque muita gente enfrentou esse período sombrio”, afirmou um especialista.

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