Taxas dos DIs caem com arrecadação recorde e nova baixa do dólar

As taxas dos DIs fecharam a terça-feira com leves baixas, reagindo ao recorde de arrecadação do governo federal em 2024 e à nova queda do dólar ante o real, com investidores à espera da “superquarta” de decisões sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil.

Na ponta curta da curva o movimento foi contido, com investidores mantendo as apostas de nova alta de 100 pontos-base da taxa básica Selic, atualmente em 12,25% ao ano.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para julho de 2025 — um dos mais líquidos no curtíssimo prazo — estava em 14,145%, ante o ajuste de 14,137% da sessão anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 15,29%, em baixa de 6 pontos-base ante o ajuste de 15,35%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15%, ante 15,022% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,93%, ante 14,947%.

Pela manhã a Receita Federal informou que a arrecadação do governo federal teve alta real (descontada a inflação) de 9,62% em 2024 sobre ano anterior, somando 2,653 trilhões de reais, no melhor resultado anual já registrado na série histórica, iniciada em 1995.

No ano passado, os recursos captados pela Receita, que englobam impostos de competência da União, tiveram alta real de 9,69% sobre 2023, a 2,524 trilhões de reais. Já as receitas administradas por outros órgãos, com peso grande dos royalties sobre a exploração de petróleo, tiveram alta real de 8,27% no ano, a 128,5 bilhões de reais.

Os números foram bem recebidos pelo mercado, apesar de não serem por si só uma solução para equilibrar as contas públicas.

“Tivemos dados de arrecadação, que vieram bons e trazem esperança de que o governo possa melhorar suas contas. Apesar disso, vemos um fechamento moderado da curva de juros”, comentou durante a tarde Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.

“A arrecadação trouxe um pouco de alento, ainda que a situação seja bem complicada. Sabemos que o governo é bastante gastador”, reforçou.

Além da arrecadação, profissionais chamaram atenção para o fato de o dólar estar caindo pela sétima sessão consecutiva ante o real, o que retira parte da pressão de alta sobre a curva de juros.

“O dólar rompeu o piso de 5,90 reais. Se continuarmos com o câmbio dando uma aliviada, isso pode ser positivo para a inflação”, pontuou João Ferreira, sócio da One Investimentos.

No mercado, porém, permanecem as apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevará a Selic em 100 pontos-base na noite de quarta-feira para segurar a inflação. Nas negociações de opções de Copom da B3, as apostas na alta de 100 pontos-base estavam perto dos 96% na véspera.

“Não teremos grandes ruídos neste Copom. Está praticamente precificado o aumento de 100 pontos-base”, afirmou Ferreira. “A perspectiva de aumento de 100 pontos-base em março, como sinalizou o BC, também está mantida. Mas será que vai continuar depois disso?”, questiona.

Segundo ele, isso vai depender não apenas do cenário no Brasil, mas também dos desdobramentos da Presidência de Donald Trump nos Estados Unidos.

Com o mercado norte-americano também à espera da decisão do Federal Reserve sobre juros, na quarta-feira, as taxas dos Treasuries sustentavam leves altas no fim da tarde.

Às 16h41, o rendimento do Treasury de dois anos — que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo — tinha alta de 2 pontos-base, a 4,211%. Já o retorno do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento — subia 3 pontos-base, a 4,555%.

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