Diretor de documentário da Netflix pode ter viajado à Europa às custas do PCC; entenda

O cineasta Rodrigo Giannetto, responsável pelo documentário “O Grito”, viajou à Europa com passagens pagas por Kauê do Amaral Coelho, suspeito de integrar o Primeiro Comando da Capital (PCC). A informação faz parte das investigações da Polícia Civil de São Paulo, que apura a relação entre a produção do filme e a facção criminosa.

Segundo o inquérito, Kauê, acusado de participação no assassinato do empresário Vinícius Gritzbach no aeroporto de Guarulhos, comprou as passagens aéreas para Giannetto em outubro de 2024. O valor de R$ 18,3 mil foi pago em uma agência de turismo em Jundiaí (SP), antes da viagem do diretor para eventos na Itália e no Reino Unido.

Giannetto negou qualquer envolvimento com o PCC e afirmou desconhecer Kauê. Ele explicou que foi convidado por uma agência cultural para dirigir o documentário, que faz críticas ao sistema prisional brasileiro. A Netflix declarou que apenas licenciou a obra e não teve participação na produção ou no financiamento de viagens.

A Polícia Civil acredita que a ONG Pacto Social & Carcerário de S.P., ligada ao documentário, funcionava como um braço do PCC. Segundo as investigações, a entidade teria atuado para espalhar denúncias contra o sistema penitenciário e facilitar benefícios para presos ligados à facção.

Além de entrevistas com familiares de líderes do PCC e do Comando Vermelho, “O Grito” traz depoimentos de autoridades como Luís Roberto Barroso, do STF, e a ministra Anielle Franco. O filme também foi exibido em eventos internacionais, incluindo um festival na Itália.

O caso faz parte da operação Fake Scream, que prendeu dirigentes da ONG suspeita de envolvimento com o PCC.

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