Obesidade e tabagismo na adolescência já sinalizam risco cardíaco 

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Hipertensão, obesidade e tabagismo em adolescentes podem predizer o risco de algum problema cardiovascular no futuro, mesmo sem conhecer as taxas de colesterol, revela um novo estudo publicado no periódico Pediatrics.

A dosagem de colesterol permite sinalizar precocemente a probabilidade desses males aparecerem, mas também pode ser menos acessível em certos lugares ou para grupos sociais. Por isso, dizem os autores, seria importante criar estratégias de avaliação em situações em que a testagem no laboratório não seja possível.

Segundo os pesquisadores, avaliar o risco cardiovascular nessa faixa etária sem fazer exames de laboratório não é menos eficiente e pode facilitar a identificação dos jovens que se beneficiariam de uma investigação mais detalhada.

“Esse achado é importante porque demonstra que, com informações simples, como peso, pressão arterial e histórico de tabagismo, podemos identificar adolescentes em risco para doenças cardiovasculares na vida adulta”, comenta o cardiologista Humberto Graner, do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia. “Isso facilita a prevenção, reduz custos e dispensa exames laboratoriais iniciais. Também possibilita intervenções precoces, como mudanças no estilo de vida, antes que problemas mais graves surjam.”

Os autores chegaram a essa conclusão após avaliar dados do International Childhood Cardiovascular Cohort, que inclui sete estudos longitudinais — ou seja, que acompanharam um grupo de pessoas ao longo do tempo —, totalizando 11.550 participantes nos Estados Unidos, na Austrália e na Finlândia. Eles cruzaram as informações de saúde coletadas na faixa etária dos 12 aos 19 anos com a ocorrência de desfechos cardiovasculares como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), isquemia, angina e doença arterial periférica depois dos 25 anos.

A presença de pressão arterial elevada, sobrepeso e obesidade, tabagismo e colesterol alto na adolescência foi significativamente associada à incidência de eventos cardiovasculares na vida adulta. E, após levar em conta os parâmetros não laboratoriais, a dosagem de lipídeos não foi essencial para apontar quem tinha maior risco.

A doença cardiovascular pode começar na infância, e a prevenção primordial deve ser dirigida a crianças e adolescentes com fatores de risco modificáveis. Condições como obesidade e pressão alta impactam negativamente a saúde vascular ainda nos primeiros anos de vida, pois aumentam o risco de desenvolver aterosclerose, que predispõe a infarto e AVC na vida adulta.

“A obesidade na juventude está associada a um aumento precoce da inflamação sistêmica, resistência à insulina e disfunção endotelial [camada que reveste internamente os vasos], condições que aceleram o processo de aterosclerose”, explica Graner.

O excesso de peso em adolescentes leva frequentemente a elevações na pressão arterial e no colesterol, aumentando o risco de eventos cardiovasculares no futuro. Além disso, jovens com obesidade têm grande probabilidade de se tornarem adultos obesos, perpetuando essas ameaças à saúde.

Segundo o especialista, o primeiro check-up cardiovascular deve ser feito na pré-adolescência, entre 10 e 12 anos, principalmente naqueles com histórico familiar de doenças cardíacas ou fatores de risco.

A avaliação inclui medidas simples, como peso, altura, pressão arterial e questionário sobre hábitos de vida e alimentares. Para aqueles que têm estilo de vida saudável, o foco deve ser na manutenção de práticas como boa alimentação, exercícios regulares, sono de qualidade e não fumar.

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