Quem é Angelo Becciu, cardeal condenado por corrupção que tenta votar no conclave

O cardeal Giovanni Angelo Becciu: sacerdote italiano tenta desafiar ordem do papa Francisco para votar no conclave. Foto: AFP

O cardeal Giovanni Angelo Becciu, de 76 anos, está tentando garantir seu lugar no conclave que elegerá o próximo Papa, desafiando a sanção imposta por Francisco após ser envolvido em um escândalo de corrupção.

Becciu foi acusado de nepotismo, corrupção e desvio de recursos da Igreja, mas afirma ser inocente. Ele deseja exercer o direito de voto no conclave que escolherá o sucessor de Francisco, que morreu na última segunda-feira (21).

O cardeal foi uma figura central no papado de Francisco, mas sua imagem ficou manchada após a descoberta de que ele usava sua posição para beneficiar familiares e aliados em esquemas financeiros.

Quem é Giovanni Angelo Becciu?

Becciu, natural da Sardenha, ilha localizada no Mar Mediterrâneo, pertencente à Itália, teve uma longa carreira dentro da Igreja Católica. Ordenado padre em 1972, ingressou no serviço diplomático da Santa Sé em 1984. Atuou em diversos países, como República Centro-Africana, Sudão, Reino Unido, França, Nova Zelândia, EUA e Cuba.

Em 2011, foi nomeado núncio apostólico em Cuba. Em 2018, foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco, além de ser designado prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

Sua trajetória foi marcada por um escândalo financeiro, no qual foi acusado de utilizar fundos do Óbulo de São Pedro para a compra de um edifício de luxo em Londres no valor de 200 milhões de euros.

Becciu foi acusado de usar sua posição para beneficiar familiares e aliados em esquemas financeiros. Em 2023, ele foi condenado a cinco anos e meio de prisão, inelegibilidade para cargos públicos e uma multa de 8 mil euros, o equivalente a aproximadamente R$ 43 mil.

Em 2020, o Papa Francisco aceitou sua renúncia aos direitos cardinais, mas manteve seu título de cardeal.

Cardeal Giovanni Angelo Becciu e o papa Francisco. Foto: Reprodução

O caso também envolveu Cecilia Marogna, conhecida como “a dama do cardeal” na imprensa italiana. Ela foi contratada por Becciu como consultora de segurança e acusada de desviar recursos destinados à libertação de reféns, utilizando-os para gastos pessoais.

O julgamento de Becciu e outros envolvidos durou mais de dois anos, com 86 audiências.

Retorno ao Vaticano

Apesar de sua condenação, Becciu busca retomar sua influência no Vaticano e participar do conclave que escolherá o próximo Papa. Ele afirma que o fato de o Papa Francisco ter mantido seu título de cardeal lhe assegura o direito de participar da eleição papal.

“Referindo-se ao último consistório, o Papa reconheceu minhas prerrogativas cardinais intactas, já que não houve vontade explícita de me excluir do conclave nem solicitação de minha renúncia por escrito”, declarou Becciu ao jornal Unione Sarda. Ele afirma que não houve intenção clara do Papa de excluí-lo e que sua situação foi, de fato, “indultada”.

A decisão sobre sua participação será tomada pela Congregação Geral dos Cardeais, que definirá se ele poderá ou não votar na escolha do novo Papa.

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