GPA e o follow-on de até R$ 1 bi: endereçando questões, mas com diluição dos acionistas

Pão de açúcar supermercado loja varejo

O GPA (PCAR3), dono da rede Pão de Açúcar, anunciou na última segunda-feira (4) o lançamento de uma oferta subsequente (follow-on) de 140 milhões de ações, podendo ser ampliada em mais 140 milhões de ações caso haja demanda suficiente, o que se compara ao número atual de 270 milhões de ações em circulação.

Considerando o valor da ação no fechamento de ontem, a empresa levantaria R$ 504 milhões no cenário base e R$ 1,01 bilhão caso todas as ações adicionais sejam emitidas. O valor mercado atual da varejista é de aproximadamente R$ 970 milhões. Cabe destacar que as últimas sessões têm sido de forte volatilidade para as ações: após saltar 12,57% no dia 27 de fevereiro e 11,93% no dia 28, os papéis tiveram três dias de forte queda. Já nesta terça, a queda foi de 4,17%, a R$ 3,45.

Em dezembro do ano passado, o GPA já tinha iniciado estudos para lançar uma oferta de R$ 1 bilhão. Sendo assim, o aumento de capital esperado no caso de todas as 280 milhões de ações serem emitidas nesta potencial oferta, assumindo nenhum desconto em relação aos últimos preços de fechamento, está em linha com as expectativas da varejista.

O Goldman Sachs disse que vê mérito estratégico na oferta e destaca que a redução da alavancagem continua sendo uma prioridade para o GPA e foi um tópico importante durante o Dia do Investidor da empresa em dezembro. O banco acredita que uma estrutura de capital mais equilibrada proporcionaria à administração mais flexibilidade para executar o plano de reestruturação atual, focado no aumento da lucratividade e na melhoria da dinâmica de capital de giro.

Se concluída, a oferta subsequente primária aumentaria o número de ações em circulação de 270 milhões para 410 milhões (oferta base) ou até 550 milhões (caso todas as ações adicionais sejam emitidas). “Se a oferta for concluída e o acionista controlador, o Casino, optar por não subscrever, sua a participação no GPA seria diluída de 41% para 27% (oferta base) ou até 20% (caso todas as ações adicionais sejam emitidas)”, explica Goldman Sachs.

O GPA encerrou o 4T23 com uma relação Dívida Líquida/EBITDA de 5,0 vezes (Ebtida pós IFRS, dívida líquida incluindo arrendamentos e recebíveis de cartão de crédito). Ao assumir uma entrada de caixa de R$ 504 milhões a R$ 1,01 bilhão proveniente da oferta potencial, a alavancagem cairia para 4,6 vezes a 4,2 vezes Dívida/Ebitda.

O banco americano ainda lembra que desde a troca de CEO em abril de 2022, a varejista concluiu uma operação de sale leaseback (transação financeira na qual se vende um ativo e o arrenda de volta a longo prazo) de 11 lojas (totalizando cerca de R$ 300 milhões), a alienação de outros ativos imobiliários (cerca de R$250 milhões), além da venda da participação no Éxito (cerca de R$ 800 milhões) e de outros ativos não essenciais.

O UBS BB acredita que o aumento de capital, em conjunto com o programa de venda de ativos, pode ser suficiente para endereçar a estrutura de capital e reduzir as pesadas despesas financeiras do GPA, à custa da diluição material das ações.

O Goldman Sachs mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 4,50 para ações do GPA. Os principais riscos de baixa para a ação, segundo o banco, incluem: (i) atrasos ou excedentes na execução de futuras expansões; (ii) produtividade ou retornos médios mais baixos em novas localidades incrementais; (iii) inflação persistente de alimentos que pode afetar o poder de compra de famílias de baixa renda; (iv) aumento da concorrência de modelos online disruptivos; (v) riscos de governança corporativa.

Os principais riscos de alta são: (i) vendas melhores do que o esperado e alavancagem operacional no contexto de inflação alimentar elevada e extensões de apoio de renda no Brasil; (ii) resultados melhores do que o esperado na operação digital da empresa.

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