Vibra (VBBR3): lucro saltou 480%, mas por que ação caiu 5,5%? Resposta está no diesel russo

Vibra

Um lucro 483% maior na comparação anual, mas as ações caindo forte na sessão e fechando a sessão desta terça-feira (5) com queda de 5,50%, a R$ 25,10. A reação do mercado ao resultado da Vibra (VBBR3) pode gerar surpresas para muitos investidores, mas analistas destacam algumas explicações para o movimento – que também foram ressaltadas pelos próprios executivos da companhia durante teleconferência.

A XP ressalta que o lucro líquido da distribuidora de combustíveis veio muito forte – totalizando R$ 3,3 bilhões -, mas impulsionado por ganhos fiscais não recorrentes, enquanto um fator de preocupação foi a perda de market share (participação de mercado). No release do 4T23, a empresa observa que a média anual (2023) de share foi de 25,9%, redução de 2,4 pontos percentuais (p.p.) na comparação com a média de 2022.

A administração da Vibra apontou que a falta de diesel russo foi um dos principais fatores para a perda de participação de mercado, algo que pode mudar agora, já que a empresa parece mais propensa a trazer moléculas desse país. Porém, ainda há questionamentos sobre como a companhia atuará nesse mercado.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado unitário excluindo efeitos não recorrentes (exceto efeito estoque e hedge) da companhia foi de R$ 163/m³ (-5% versus expectativa da XP, -29% no trimestre, +228% ano a ano), também pela falta do “diesel russo”. A visão é de que a importação maior do diesel também poderia reduzir (pelo menos uma parte) a diferença de desempenho da Vibra em relação ao Ebitda unitário dos seus pares, que ficou acima (durante o 4T23, R$ 194/m³ para a Raízen e R$ 192/m³ para a Ipiranga), sendo que essas companhias estão importando mais diesel russo.

Para o BTG, surpreende que os principais pares da Vibra não pareceram ter que sacrificar tanta participação quanto ela, e mesmo assim entregaram margens trimestrais um pouco maiores.

Na avaliação do Bradesco BBI, os resultados do 4T23 mostraram bons desenvolvimentos para a tese de investimento da Vibra, tais como: (i) o reconhecimento de R$ 2,6 bilhões na Lei Complementar 192 que podem ser usados para amortizar quaisquer impostos federais, portanto a empresa poderia efetivamente não pagar PIS/Cofins e imposto de renda durante os próximos 1,5 ano; (ii) o continuo processo de desalavancagem, com redução da dívida líquida em R$ 0,58/ação; (iii) o pagamento de dividendos de R$ 1,6 bilhão referente a 2023, implicando um rendimento de 5%, e o pagamento de 62% do lucro recorrente podendo ser um primeiro sinal de um yield consistente.

No entanto, as questões relativas às perspectivas para a companhia permanecem no radar. Em primeiro lugar, se a diferença de margens observada entre a Vibra e seus pares no 4T23 será fechada agora que a companhia ajustou sua estratégia de negociação para aproveitar oportunidades de arbitragem com o diesel russo e como se dará a recuperação da participação de mercado.

“A pergunta é: A Vibra conseguirá recuperar participação de mercado de forma gradual e sem atrapalhar o mercado?”, questionam os analistas do BBI. A equipe de análise do banco responde o seu próprio questionamento ao apontar que acredita que sim, seguindo com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 37 por ação.

O BTG também ressalta a menção da Vibra de querer recuperar alguma “parte justa” perdida, embora não esteja claro até que ponto planeja fazê-lo. De qualquer forma, o banco segue com recomendação de compra para VBBR3.

“Um mercado de combustível mais saudável sugere que os operadores históricos, que provavelmente são mais capazes de obter combustível da Petrobras e de importações de forma mais eficiente, são beneficiários claros, permitindo que a Vibra forneça margens acima do consenso parece prever. A capacidade de proporcionar um maior giro de ativos continua provavelmente a ser o principal elo que falta para permitir uma expansão de múltiplos mais encorajadora. As ações são negociadas com desconto em relação ao seu principal par (Ultrapar, dona do Ipiranga) e somos compradores”, destaca.

A XP também avalia que olhará de perto as importações de diesel da Vibra para ver se a empresa recuperará o atraso nos volumes em relação a seus pares (embora, por enquanto, a molécula importada pareça menos favorável). “Ainda estamos otimistas em relação à tese, com base em um ambiente competitivo saudável para o setor e uma avaliação atraente. Seguimos nossa recomendação de compra”, reforçou.

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