Delegado citado por delator do PCC e afastado do Deic e diz estar “muito puto”

O delegado Fábio Pinheiro Lopes foi afastado do Deic. Foto: reprodução

O delegado Fábio Pinheiro Lopes, conhecido como Fábio Caipira, se disse indignado na última sexta-feira (20) após ser afastado da direção do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), órgão de destaque na Polícia Civil de São Paulo. O afastamento foi motivado por acusações feitas em uma delação premiada que vincula o delegado a um suposto esquema de corrupção envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Estou puto, puto. Não tem outra palavra. Uma injustiça”, declarou Lopes em entrevista coletiva na sede da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo. “Tenho 32 anos de polícia e uma história aqui dentro. Agora, por causa de um ‘puta’ de um mentiroso, sou afastado… Tenho certeza de que tudo será esclarecido rapidamente”, desabafou.

O nome de Lopes foi citado na delação de Antônio Vinicius Gritzbach, suspeito de liderar o assassinato de membros do PCC, incluindo Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta. Gritzbach afirmou que o advogado Ramsés Costa propôs um acordo em que Lopes, o deputado estadual bolsonarista Delegado Olim (PP) e o ex-delegado Murilo Fonseca Roque teriam solicitado R$ 5 milhões em propina para favorecê-lo em investigações conduzidas pelo Deic.

O deputado Olim, citado na delação de Gritzbach, ao lado de Eduardo e Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

Segundo o delator, o pagamento incluiria R$ 800 mil de honorários ao advogado e o restante seria dividido entre os demais envolvidos, com parte sendo paga em imóveis e dinheiro. Em contrapartida, os policiais civis facilitariam a liberação de passaporte, o desbloqueio de bens apreendidos e a suspensão de pedidos de prisão.

O delegado negou veementemente as acusações, afirmando que as investigações do Deic sempre seguiram dentro da legalidade. “Foi graças à nossa investigação que houve o acordo de delação premiada. Pedimos o bloqueio de 49 imóveis, um helicóptero e duas lanchas do investigado. O passaporte dele continua apreendido no Deic”, afirmou.

Lopes também revelou que teve apenas um encontro com o advogado Ramsés Costa, em abril de 2022, quando ele expressou interesse em advogar para Gritzbach sem apresentar procuração. A solicitação foi encaminhada ao delegado responsável pela Delegacia de Crimes Patrimoniais do Deic.

O afastamento foi oficializado após reunião com o delegado-geral Artur Dian e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. Segundo Lopes, a decisão está alinhada à postura do governador Tarcísio de Freitas, que optou por evitar novas controvérsias após episódios recentes envolvendo a Polícia Militar e a Polícia Federal.

Atualmente em férias, Lopes deverá ser transferido para outra função se o caso não for resolvido até janeiro. “Não sei se quero continuar no Deic, porque o que estou passando com a minha família não sei se compensa”, disse.

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