Agora pra valer! Azul e Gol podem se unir e criar gigante do setor: como afeta ações?

A lista de companhias aéreas que encerraram operações no Brasil é grande

Agora é para valer! Após muitos rumores ao longo dos últimos meses, a Azul (AZUL4) e a Gol (GOLL4) informaram, por meio de fato relevante, que assinaram um memorando de entendimentos (MoU) não vinculante com o objetivo de explorar uma combinação de negócios das duas companhias aéreas no Brasil.

De acordo com a Gol, o acordo representa uma fase inicial de um processo de negociação entre a Abra, que a controla, e a Azul para explorar a viabilidade de uma possível transação.

A companhia diz que isso não tem impacto na estratégia, na condução dos negócios ou nas operações rotineiras da Gol e que continua focada em concluir as etapas restantes dos seus procedimentos do Chapter 11 (espécie de recuperação judicial nos EUA), com o objetivo de emergir de seu processo de reestruturação como uma companhia independente e capitalizada.

A notícia animou o mercado. Os ADRs (recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) da Azul saltavam cerca de 10% no pré-mercado na manhã desta quinta-feira após o anúncio.

Na visão do BBI, o negócio pode criar um impacto positivo de R$ 1,90 por ação da AZUL4, provenientes de sinergias de receita e custo.

Para a Gol, na visão do BBI, as sinergias de M&A (fusões e aquisições) serão capturadas pelos credores devido ao processo de Chapter 11 (espécie de recuperação judicial nos EUA).

Os analistas relembram análise de março de 2024 apontando que, com base em negócios de M&A anteriores no setor aéreo global, as sinergias de receita alcançam uma média de cerca de 3% da receita total proforma. No entanto, incluindo sinergias de custo, isso pode chegar a cerca de 6% das receitas combinadas.

Essas sinergias devem vir de: 1) maior conectividade; 2) otimização da frota entre o menor E2 (Azul) e o B737 (Gol); 3) redução do imposto sobre combustível, já que a Azul tem em média cerca de 6% de custos de combustível mais baixos que a GOL; 4) oportunidades de rede com mais destinos e frequências; 5) consolidação da escolha do cliente; 6) crescimento internacional; 7) maior atratividade para parceiros internacionais; 8) oportunidades de receita adicional; 9) combinação de frotas de carga; 10) distribuição; entre outras eficiências gerais, como operações e manutenção de aeroportos.

Os acionistas controladores da ABRA e da Azul podem deter 31% e 7%, respectivamente, da nova companhia. A operação será realizada da seguinte forma: 1) A Gol Holding aprovará um aumento de capital e emitirá novas ações para credores; 2) a entidade converterá as ações preferenciais em ações ordinárias, resultando em uma entidade de classe única listada publicamente no “Novo Mercado” da B3 e na NYSE; 3) a Gol Holding e a Azul Holding fundirão ações, seja com a Azul Holding se tornando uma subsidiária da Gol Holding ou vice-versa.

A estrutura de propriedade será definida através de uma avaliação não divulgada que levará em conta suas reestruturações financeiras e as previsões de lucros. Para concluir o negócio, a alavancagem financeira combinada deve ser menor do que a esperada para a GOL após o Chapter 11 o que, na visão do BBI, será atendido. A Abra está sujeita a certas restrições na alienação de ações da nova companhia, enquanto os acionistas da Azul estão livres para vender suas ações.

A estrutura de governança acordada não depende da estrutura acionária. O memorando de entendimentos prevê uma estrutura de governança pré-acordada, independentemente da estrutura acionária final.

O Conselho de Administração será composto por três membros nomeados pelo Abra, três membros nomeados pelos acionistas da Azul e três membros independentes selecionados mutuamente por ambas as partes. A Abra nomeará o Presidente do Conselho que assumirá por três anos a partir do fechamento, enquanto os acionistas da Azul nomearão o CEO da NovaCo pelo mesmo período. As partes trabalharão com o CEO para nomear os outros membros da equipe de gestão.

Em relação ao processo no órgão antitruste Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ele começa agora e pode levar de 6 a 9 meses. “Esperamos que o negócio seja aprovado com restrições devido à concentração de slots aeroportuários no aeroporto de Congonhas”, avalia o BBI.

Os analistas do banco mantêm suas recomendações para a Azul, com outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 6, e para a Gol, com recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda), com preço-alvo de R$ 0,50.

“A Azul está concluindo com sucesso a reestruturação financeira, o que pode reavaliar os múltiplos de negociação. Para a GOL, a diluição de capital decorrente do Chapter 11 até maio de 2025 pode causar diluição para os acionistas minoritários”, apontam.

O Goldman Sachs, por sua vez, tem recomendação neutra para a Azul, com preço-alvo de R$ 2,70, enquanto não possui cobertura para a Gol.

Os analistas apontam que, no geral, embora não tenham uma opinião sobre o resultado sobre o memorando de entendimentos não vinculativo, acredita que a fusão proposta possui mérito estratégico, pois poderia criar uma companhia aérea significativamente maior, com maior poder de precificação e otimização de rede, entre outras fontes de sinergia.

“Aguardamos mais detalhes sobre a estrutura potencial do negócio para avaliar as sinergias potenciais e a criação de valor que tal negócio poderia trazer”, destaca.

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