Dólar cai a R$ 5,83 com PTAX e expectativa sobre taxas de Trump; no mês recua 5,6%

O dólar completou nesta sexta-feira a décima sessão consecutiva de queda no Brasil, com a moeda chegando a tocar nos 5,80 reais durante a sessão, marcada pela disputa de investidores pela formação da taxa Ptax de fim de mês e pela expectativa em torno da adoção pelos EUA de tarifas sobre produtos do México, do Canadá e da China.

Investidores também repercutem dados dos EUA, incluindo o custo do emprego, que subiu 0,9% abaixo da previsão de 1%, e a inflação medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE), em linha com as expectativas.

Dólar Hoje: Confira a cotação e fechamento diário do dólar comercial

Qual é a cotação do dólar hoje?

O dólar à vista fechou em baixa de 0,30%, aos 5,8355 reais, a menor cotação desde 26 de novembro do ano passado, quando encerrou em 5,8096 reais. Apesar do movimento contido em algumas sessões, desde 17 de janeiro o dólar não fecha um dia em alta.

Na semana a divisa acumulou queda de 1,40% e, em janeiro, baixa de 5,56%.

Às 17h05 na B3 o dólar para março — que se tornou o mais líquido na sessão desta sexta-feira — cedia 0,57%, aos 5,8705 reais.

Dólar comercial

  • Compra: R$ 5,835
  • Venda: R$ 5,835

Dólar turismo

  • Compra: R$ 5,907
  • Venda: R$ 6,087

O que aconteceu com dólar hoje?

Os agentes de câmbio olham também o déficit primário do setor público consolidado de R$ 47,553 bilhões em 2024, um pouco menos negativo do que a mediana do Projeções Broadcast (-R$ 48,80 bilhões). Já a taxa de desocupação no Brasil ficou em 6,2% no trimestre encerrado em dezembro, equivalente ao teto das previsões de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma taxa de desemprego entre 5,9% e 6,2%, com mediana de 6,0%.

O mercado também digere as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a Selic está em um “patamar que desacelera a economia”. “Se você já está com Selic muito restritiva, remédio em excesso pode ser contraproducente”, disse o ministro.

Após o presidente Lula não se comprometer com novas medidas de contenção de gastos, Haddad afirmou que a revisão do Orçamento é uma atividade rotineira e Lula sabe que mudanças de rota podem ser necessárias.

Ele também estimou uma queda no crescimento do PIB de 3,5% para 2,5% em 2025. Após a elevação da Selic a 13,25% na quarta, sem indicar os próximos passos após nova alta contratada de 1pp para março, o mercado coloca em xeque a continuidade do ciclo de aperto a partir de maio.

Lá fora, investidores também reagem aos comentários da diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michelle Bowman, de que a renda elevada pode sustentar o consumo com reflexo no mercado de trabalho e que as condições financeiras no país podem estar desacelerando o progresso no controle da inflação.

Segundo Pedro Ros, CEO da Referência Capital, há fluxo de investidor estrangeiro ajudando na queda do dólar ante o real e em relação a outras moedas emergentes ligadas a commodities, como peso mexicano, peso colombiano e também o dólar canadense.

Na noite de quinta-feira, 30, o presidente dos EUA, Donald Trump confirmou tarifa de 25% aos produtos do México e Canadá a partir de amanhã e fez novas ameaças à China e também de taxar em 100% as importações dos Brics se tentarem substituir o dólar em suas relações comerciais. A Rússia disse que não houve conversas sobre criar moeda comum dos Brics.

A advertência coloca o governo brasileiro em uma sinuca de bico, à medida que o País assumiu a presidência do grupo em 1º de janeiro, com mandato até o final do ano. O governo local será responsável por organizar e coordenar as reuniões do grupo e também definir as prioridades da agenda até julho, para quando está prevista a cúpula com os chefes de Estado, no Rio de Janeiro.

No fim da manhã desta quinta, o presidente Lula afirmou que se Trump taxar produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar americanos, sem citar a ameaça aos Brics, feita nos primeiros dias do governo Trump e reiterada à noite. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considera que “não faz o menor sentido” os Estados Unidos sobretaxarem os produtos vindos do Brasil, já que, segundo ele, os dois países apresentam hoje uma balança comercial “equilibrada”.

(Com Estadão)

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