Kassab e o golpe silencioso de 2026

O fundador e presidente do PSD, Gilberto Kassab. Foto: Sérgio Lima/Poder360

Por Reynaldo Aragon Gonçalves

A dois anos das eleições, a oposição já está em marcha. Trump e Musk atacam o Brasil, Kassab dispara contra o governo, o Centrão se movimenta e as Big Techs tentam sabotar a regulação digital. O jogo não é só nacional — é geopolítico. O objetivo? Desestabilizar Lula e garantir a volta da extrema-direita ao poder. O Brasil está pronto para resistir?

O ataque antecipado: o jogo começou antes da hora.

Faltam dois anos para 2026, mas a oposição já está em guerra contra Lula. A mídia, o mercado financeiro e a oposição legislativa criam uma tempestade artificial de crise, enquanto o Centrão faz o que sabe melhor: barganhar poder. Kassab, que jura lealdade ao governo, mas ocupa um cargo no governo de Tarcísio, já começou a atirar, chamando Haddad de “fraco” e dizendo que Lula não se reelegeria hoje. Um recado claro: o PSD quer mais espaço, e se para isso precisar sabotar a governabilidade, assim será. Só há uma explicação para essa antecipação: a direita já sente que a conjuntura internacional pode jogar a seu favor. O trumpismo pode voltar, e com ele, o suporte irrestrito à extrema-direita brasileira. O recado é claro: o governo Lula será minado desde agora para que, em 2026, a desestabilização já esteja consolidada.

Trump, Musk e a aliança do caos

Quando se trata de guerra híbrida, a extrema-direita nunca joga sozinha. Trump, Musk e Bolsonaro fazem parte do mesmo tabuleiro. Desde que comprou o Twitter (agora X), Musk tornou-se o patrono digital da extrema-direita global. Reativou perfis de disseminadores de ódio e ameaçou desafiar decisões do STF, até que Alexandre de Moraes mostrou que o Brasil não é o Texas – e Musk recuou. Sua cruzada não tem nada a ver com liberdade de expressão, mas sim com garantir que as plataformas digitais permaneçam como armas da extrema-direita. O episódio icônico da primeira-dama Janja mandando um “fuck you” para Musk sintetiza o embate: um governo que busca regular as redes e um bilionário que lucra com o caos informacional. E, claro, onde Musk está, Trump está por perto, reorganizando sua base para um possível retorno à Casa Branca.

Centrão: o oportunismo sem vergonha na cara

O Centrão não tem ideologia – tem um faro apurado para o poder. Kassab já colocou um pé na oposição enquanto mantém outro no governo, pois sabe que o Brasil pode voltar a ser governado pela extrema-direita em 2026. O PSD e outros partidos fisiológicos estão apenas esperando para ver para onde sopra o vento. Mas Lula respondeu na mesma moeda: “Estou despreocupado. Eleição não é hoje.” A questão é que o Centrão não aposta em princípios, mas em probabilidades. E, por isso, já começou a movimentação para estar do lado vencedor – seja ele qual for.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante entrevista no Palácio do Planalto. Foto: Ricardo Stuckert/PR

A batalha pela soberania informacional

Se há algo que apavora a extrema-direita e as Big Techs é a regulação das redes sociais. O governo Lula e o STF sabem que, sem controle sobre os fluxos de desinformação, a política brasileira continuará refém da máquina de manipulação digital que quase destruiu a democracia em 2018 e 2022. Musk tentou enfrentar Moraes, mas logo percebeu que, sem seguir as regras brasileiras, poderia perder um mercado gigantesco. O bolsonarismo, que sempre viveu de impulsionamento artificial e manipulação algorítmica, depende dessas plataformas para sobreviver. A guerra, portanto, não é apenas política, mas econômica: quem controla a informação, controla o poder.

O fator geopolítico: BRICS e a fúria dos EUA

A irritação de Washington com o Brasil não vem de hoje. Desde que Lula retomou o protagonismo internacional, reaproximou-se da China e fortaleceu os BRICS, os EUA observam com desconfiança. Um Brasil forte e independente é um problema para a hegemonia norte-americana, e a melhor forma de contê-lo é garantindo que em 2026 o país volte ao seu devido lugar de subalternidade. A pressão dos EUA não é só política. O mercado financeiro e a mídia cumprem seu papel na tentativa de minar a economia brasileira, enquanto Washington mantém relações mornas, esperando ver como os ventos sopram em 2026. Com a vitória de Trump, a sabotagem ao governo Lula será ainda mais intensa.

Interferência externa e os desdobramentos até 2026

A extrema-direita brasileira não aposta apenas no voto – aposta na intervenção externa. Se Trump voltar, o Departamento de Justiça dos EUA pode simplesmente questionar processos contra Bolsonaro, desta forma ajudando com pressão politica, livrando-o da inelegibilidade. Essa blindagem abriria caminho para que o bolsonarismo volte fortalecido, com discurso pronto: “Bolsonaro foi vítima de uma conspiração do STF”. Mesmo sob Biden, a pressão americana continua. A regulação das redes sociais, a política externa ativa e a aliança com os BRICS são incômodos para Washington. O jogo está sendo jogado, e a oposição já se move contando com esse fator externo.

Conclusão: O jogo já começou – quem está no controle?

A disputa de 2026 já está em curso, e o campo progressista precisa entender que a extrema-direita não espera o período eleitoral para agir. A oposição já lançou sua ofensiva, contando com aliados dentro e fora do Brasil. A grande questão é: o governo Lula está pronto para resistir a essa guerra híbrida? A diferença entre 2018 e agora é que sabemos exatamente quais são as peças do jogo. A extrema-direita já começou a campanha. O governo e seus aliados precisam decidir se vão esperar passivamente ou se vão entrar no tabuleiro antes que seja tarde demais.

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