O que está por trás do “cheiro insuportável” da Rua Augusta

Imóveis disponíveis para aluguel na rua Augusta. Foto: Eduardo Knapp/Folhapress

A Rua Augusta, um dos pontos mais frequentados do centro de São Paulo, enfrentou dias de transtornos devido a um vazamento de esgoto que afetou comerciantes, moradores e frequentadores da região.

O problema, causado por um entupimento na rede de coleta, gerou mau cheiro constante, afastou clientes e provocou prejuízos financeiros para estabelecimentos locais. A situação foi agravada pelas fortes chuvas que atingiram a capital paulista na semana passada.

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou que o entupimento foi causado pelo lançamento irregular de água de chuva e sedimentos, como areia, na tubulação de esgoto por imóveis da região. A companhia realizou a limpeza do coletor nos dias 7 e 8 de fevereiro e desinfetou os imóveis afetados. A prefeitura também atuou na limpeza das bocas de lobo ao longo da rua Augusta.

Inicialmente, a Sabesp afirmou que a rede de esgoto estava operando normalmente e que a água nas sarjetas era proveniente de uma obra em um prédio desabitado. Após a publicação de reportagens sobre o caso, a companhia aprofundou a investigação e identificou o entupimento do coletor.

A prefeitura, por sua vez, declarou ter realizado a limpeza das bocas de lobo ao longo de toda a extensão da rua, incluindo os cruzamentos. A subprefeitura de Pinheiros disse que a Sabesp foi acionada para executar os serviços necessários nos esgotos dos imóveis particulares.

Rua Augusta vira “esgoto a céu aberto” em SP. Foto: reprodução

Comerciantes relataram que o mau cheiro afetou significativamente seus negócios. Em uma barbearia local, os funcionários precisaram trabalhar com as portas fechadas para minimizar o desconforto.

Renzo Nascimento, garçom de uma padaria na Rua Augusta, contou que afastou as mesas da porta para evitar reclamações dos clientes. “Muito fedido mesmo, o ambiente ficou muito ruim. Acaba afetando todo mundo, não tem jeito. Para a gente que trabalha com comida, então, é complicado. Os clientes reclamam”, afirmou em entrevista ao Uol.

Dieylla Gomes, gerente de um salão na região, estima que já gastou cerca de R$ 50 mil com reformas hidráulicas, reposição de móveis e equipamentos danificados pelo esgoto. “Foi uma destruição”, resumiu. Ela está em contato com advogados para avaliar a possibilidade de processar a Sabesp.

Outro comerciante, Márcio Tayae, dono de um estacionamento na altura do Jardins, também relatou prejuízos. Ele afirmou que gastou R$ 30 mil com o aluguel de bombas para retirar o esgoto e planeja processar a companhia.

O vazamento de esgoto começou a afetar a região após as fortes chuvas do dia 24 de janeiro, quando São Paulo registrou 125,4 mm de precipitação, o terceiro maior volume desde o início da série histórica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em 1961.

A água com dejetos chegou a invadir imóveis e causar transtornos para pedestres. Ana Paula Silva, que trabalha na região, relatou que foi molhada com água suja por um carro que passou sobre uma poça. “Fiquei suja, fedendo. Agora eu fico mais afastada para evitar que isso aconteça”, disse.

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