Oncoclínicas: ações saltam 70% em 5 pregões; o que aconteceu e vale a pena comprar?

Oncoclínicas (Divulgação)

As ações da Oncoclínicas (ONCO3) apresentaram uma surpreendente valorização nos pregões de terça (18) e quarta-feira (19), recuperando parte das perdas acumuladas desde a Oferta Pública Inicial (IPO) da empresa, realizado em 2021.

Desde a estreia na bolsa, as ações da companhia haviam perdido 90% de seu valor, pressionadas por um endividamento elevado e a incerteza em torno de sua saúde financeira. Nesta quarta-feira (19), porém, por volta das 17h (horário de Brasília), a companhia disparava quase 16% no Ibovespa, cotada a R$ 2,99, após um salto de 20,56% na última terça. Levando em conta desde o último dia 12 de fevereiro, o salto acumulado foi de 69%, com as ações passando de R$ 1,77 para perto dos R$ 3 em apenas 5 pregões.

Esse movimento recente, no entanto, segundo Rafael Ragazi, sócio e analista de ações da Nord Investimentos, não veio acompanhado de mudanças fundamentais no desempenho da empresa, e tem gerado especulação no mercado sobre os motivos dessa alta inesperada. “É possível que o que tenha ocorrido seja apenas um movimento pontual de algum investidor institucional, já que as ações da Oncoclínicas tiveram queda expressiva nos últimos tempos, e o valor de mercado da empresa está relativamente baixo, com baixa liquidez. Isso pode resultar em oscilações mais fortes quando há compras grandes”, diz.

A alta nas ações da Oncoclínicas, por sinal, coincide com o rebaixamento da recomendação da ação por parte do JPMorgan, algo que, geralmente, resultaria em uma reação negativa do mercado. Os analistas do banco expressaram preocupações com a evolução financeira e o modelo de negócios da empresa, que continua enfrentando obstáculos financeiros e operacionais, incluindo um alto nível de endividamento e dificuldades em gerar caixa suficiente para cobrir suas operações e obrigações financeiras.

O banco de investimento cortou sua recomendação para a ação de neutro para underweight, ou seja, exposição abaixo da média do mercado (equivalente à venda), e retirou sua meta de preço para dezembro de 2025, que anteriormente era de R$ 6,50 por ação.

Para Ragazi, do ponto de vista operacional, a Oncoclínicas atua em um segmento promissor e de crescimento, o setor de oncologia, que no Brasil registra mais de 700 mil novos casos de câncer a cada ano. A empresa é líder no segmento, com 8% de participação de mercado, e possui um histórico de mais de 40 aquisições (M&As).

A operação está em um mercado de alta margem, onde os tratamentos de câncer são caros, e o setor oferece boas perspectivas. No entanto, apesar de ter mostrado crescimento nas receitas, o analista afirma que a Oncoclínicas não tem conseguido traduzir isso em lucros consistentes, e sua rentabilidade permanece negativa ou apenas ligeiramente positiva.

A empresa está entre as mais endividadas do setor, o que impacta sua capacidade de geração de caixa, conforme Ragazi. No terceiro trimestre de 2024, o indicador de alavancagem, que representa o valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ev/Ebitda), aumentou para 2,7 x (vezes), em comparação com 2,5 x no segundo trimestre do ano, evidenciando a dificuldade da empresa em reduzir sua dívida, apesar do aumento nas receitas e no lucro operacional.

Esses fatores, segundo o analista, indicam que a Oncoclínicas ainda tem um longo caminho a percorrer para se tornar uma empresa financeiramente saudável e gerar bons retornos para os acionistas. O risco é elevado, especialmente em razão de sua estrutura acionária, que não conta com um único controlador, o que a expõe a uma série de vulnerabilidades relacionadas à governança corporativa. “Dado o cenário, não vejo a Oncoclínicas como uma opção interessante para os investidores no momento. Existem outras oportunidades no setor de saúde, com maior visibilidade de crescimento e menor risco, como a Rede D’Or”, pontua.

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