Após um ano da assinatura de ordem de serviço, HU-UFJF não tem previsão de retomada das obras

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Em 8 de fevereiro de 2024, foi assinada a ordem de serviço para a retomada das obras do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), administrado pela  Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Na ocasião, foi direcionado para esse fim um investimento de R$179 milhões, por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). Naquele momento, o prazo de conclusão do Bloco E do complexo era 2026, entendendo que variações poderiam ocorrer, devido a questões burocráticas do projeto.

Mais de um ano depois, no entanto, as obras não começaram: o processo de licitação destinado à contratação da empresa que realizará as intervenções ainda não foi iniciado. De acordo com a UFJF, o início das obras depende de projetos arquitetônicos que ainda estão em andamento. O local permanece como um “elefante branco” de Juiz de Fora, mas sua importância é destacada por órgãos de saúde.

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Bloco E é um dos principais da ampliação do HU-UFJF e segue sem empresa escolhida para andamento das obras (Foto: Leonardo Costa)

A obra inacabada, que se destaca pelo tamanho e está localizada ao lado da unidade em funcionamento do HU, é o Bloco E. A estrutura está programada para ter 13 andares com capacidade para 377 leitos, sendo 310 operacionais e 67 complementares. Além disso, o hospital também contará com salas cirúrgicas, hemodinâmica, centro de diagnóstico por imagem, laboratórios de análises clínicas e agência transfusional.

Até o momento, no entanto, só foi concluído o Bloco G, relativo ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps), sendo que o Bloco E9 está em fase de entrega. Além disso, a UFJF informou que estão em fase conclusiva os projetos básicos para execução das futuras obras dos Blocos E, E7, E8, F, H e I. O bloco de ambulatórios (E9), por sua vez, ainda não foi inaugurado pois existem pendências contratuais e técnicas em relação à rede de energia elétrica, que são objeto de tratativas entre a UFJF e a Cemig. 

De acordo com a assessoria da UFJF, a previsão é que a questão do bloco de ambulatórios (E9) seja resolvida nos próximos meses. Mas em relação aos Blocos E, E7, E8, F, H e I, foi informado que o processo licitatório “pode oscilar em relação às estimativas e prazos previstos inicialmente, devido aos recursos que sempre surgem em obras de grande porte”.

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Estrutura está exposta a degradação do tempo desde paralisação das obras  (Foto: Leonardo Costa)

Situação se arrasta por tempo demais

A situação, como entende o presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, Dr. Antônio Aguiar (União Brasil), está se arrastando por tempo demais – ainda mais considerando a importância que o espaço teria para a cidade. “A proposta inicial do HU era de cuidados terciários, com centros de hemodiálise, leitos de UTI avançados e procedimentos de toda ordem. (…) Temos que  torcer para que esse HU mantenha as condições iniciais, para ser um hospital de altíssima qualidade e que transforme Juiz de Fora em um grande centro formador de mão de obra”, diz.

Porém, como ele observa,  dar continuidade a uma obra como essa não depende unicamente de “ter o recurso para levantar paredes”. Isso está acontecendo, em sua perspectiva, também pela exposição que a estrutura está tendo. “Temos que nos perguntar, de forma técnica: essa estrutura está exposta ao tempo há anos, será que ela agora ainda está em condições de receber a quantidade da obra? Terão que ser feitas intervenções para garantia de segurança para o projeto final, como está acontecendo no hospital regional?”, questiona. Ele também questiona a previsão de gastos para o equipamento hospitalar que a estrutura irá demandar, afirmando que esse valor pode ser mais alto que o previsto para as obras, principalmente levando em conta a estrutura de alta qualidade que estava sendo desejada. 

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Após um ano, Bloco E ainda está na fase de elaboração do projeto arquitetônico (Foto: Divulgação/UFJF)

‘Juiz de Fora precisa dos leitos de emergência’, diz presidente da Comissão de Saúde

Um dos aspectos mais destacados pelo presidente da Comissão é justamente o potencial de leitos de emergência que poderiam ser oferecidos pelo HU-UFJF, ao menos de acordo com o plano inicial. A previsão era de que seriam oferecidos para urgência e emergência 40 leitos adulto, sendo 10 clínicos, 10 cirúrgicos, 10 coronarianos e 10 neurológicos. E, ainda, 10 leitos de UTI pediátrica. Isso ajudaria no equilíbrio entre demanda e oferta de leitos de UTI, tendo em vista que a taxa de ocupação da estrutura atual com apenas 9 leitos da Unidade Santa Catarina fica sempre próxima de 100%, de acordo com dados oferecidos pela UFJF.

O presidente da Comissão ressalta que Juiz de Fora precisa desses leitos. “Os procedimentos de urgência e emergência não têm fluidez dentro do Sistema de Saúde como deveriam ter”, conta. Ele também destaca que essa estrutura ajudaria a melhorar as grandes filas de cirurgia eletiva, que incluem várias pessoas com problemas que eram simples no início da solicitação, mas que ao levarem anos para ter atendimento,  vão se agravando cada vez mais.

Formação de profissionais qualificados no HU-UFJF

Outro diferencial que a construção completa do HU-UFJF ofereceria é a formação de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. “Uma obra como essa permite qualificar mão de obra e colocar dentro da estrutura de prestação de serviços profissionais altamente qualificados. A cidade é tradicionalmente um lugar que forma bons profissionais da área de saúde, e o hospital é importante para que isso seja mantido e que proporcione avanços em pesquisas”, diz Antônio.

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