Bolsonaro recebeu US$ 86 mil em espécie por venda de joias, disse Cid em delação

O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu US$ 86 mil em espécie pela venda irregular de dois relógios e jóias recebidos de presente quando estava no cargo, contou em sua delação o seu ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid, que confirmou ter ido buscar locais para vender os objetos por pedido direto de Bolsonaro.

O inquérito sobre a venda irregular de jóias recebidas pelo ex-presidente ainda está com a Procuradoria-Geral da República. Esse é um dos inquéritos que Bolsonaro enfrenta, além da tentativa de golpe de Estado, pelo qual foi denunciado na terça-feira.

Na delação, que teve o sigilo retirado nesta quarta-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, Cid revela que o dinheiro arrecadado com as vendas de dois relógios recebidos de presente somou US$68 mil.

O recurso foi depositado na conta de seu pai, Mauro Lorena Cid, nos Estados Unidos, e posteriormente entregue em diferentes parcelas em dinheiro a Bolsonaro. “O dinheiro seria entregue sempre em espécie de forma a evitar que circulasse no sistema bancário normal”, contou o militar.

Outros US$18 mil vieram da venda de joias recebidas por Bolsonaro, que Cid fez em Miami. Esse dinheiro, contou, foi entregue por ele pessoalmente nas mãos de Bolsonaro.

A ideia de vender os objetos, de acordo com Cid, foi levantada por Bolsonaro pessoalmente ainda em 2021, quando entregou um relógio da marca Patek Philippe e pediu ao ajudante de ordens que levantasse o preço do presente. No início do ano seguinte, o ex-presidente pediu a Cid que levantasse quais presentes de alto valor havia recebido.

Bolsonaro estaria reclamando, segundo Cid, de várias despesas extras – multas por andar sem capacete em motociatas, um processo que perdeu para a deputada Maria do Rosário, além do transporte do acervo de presentes que recebeu na Presidência. Cid então mencionou os relógios e jóias e fez pesquisas de preços, vendendo o Patek Philippe e o Rolex de ouro branco em Nova York, por US$68 mil, e as jóias em Miami, por U$18 mil.

A delação de Cid revelou ainda que também foi Bolsonaro, pessoalmente, que pediu a seu ajudante de ordens que falsificasse um certificado de vacina contra Covid-19 para ele e sua filha mais nova, Laura.

O militar contou aos investigadores que, ao saber que havia conseguido um certificado falso para a esposa e depois para ele mesmo e a filha maior de idade, ao fazer com que uma pessoa incluísse os dados no sistema do Ministério da Saúde, Bolsonaro pediu que Cid fizesse o mesmo para ele e a filha.

“O colaborar (Cid) confirma que pediu os cartões do ex-presidente e sua filha Laura Bolsonaro sob determinação do ex-presidente Jair Bolsonaro e que imprimiu os certificados”, mostra a delação. “O objetivo era obter os cartões de vacina para qualquer necessidade; que o colaborador imprimiu os certificados de vacina e entregou em mãos para o ex-presidente Jair Bolsonaro.”

A Reuters procurou a assessoria do ex-presidente e sua defesa para comentar as acusações de Cid, mas não obteve resposta.

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