Prejuízo na Vale? Dividendos, custos mais baixos e revisões do capex animam após 4T

Vale - Vista de Carajás

A Vale (VALE3) divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24) na noite da última quarta-feira (19), com a divulgação de um prejuízo atribuível a acionistas de US$ 694 milhões.

O resultado negativo ocorreu principalmente devido a baixas contábeis em ativos do Canadá, uma vez que houve o impacto do reconhecimento da redução ao valor recuperável de US$ 1,4 bilhão relacionada às operações de níquel de Thompson e de US$540 milhões relacionados ao projeto de Extensão da Mina de Voisey’s Bay, após uma revisão abrangente dos ativos da Vale Base Metals (VBM).

Apesar de, à primeira vista, o resultado parecer negativo por conta do prejuízo, analistas destacaram pontos positivos em outras linhas de resultados, além da remuneração aos acionistas. Com isso, por volta das 8h30 (horário de Brasília) desta quinta-feira, os ADRs (recibo de ações negociado nos EUA) subiam cerca de 2,5% no pré-market da Bolsa de Nova York.

Em relatório, a XP Investimentos ressaltou que o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) proforma ajustado de US$ 4,1 bilhões. O número foi 5% abaixo da projeção da XP e 1% acima do consenso.

Com os números operacionais já reportados, a XP Investimentos ressalta o desempenho de custos da Vale como destaque do resultado, com C1 (custo da mina ao porto)/t (tonelada) em US$ 18,8/t (-6% versus a projeção da XP, -10% ano a ano e -9% na base trimestral) atingindo o limite inferior de seu guidance de produção de US$ 21,50-23,0/t para 2024 (com custos de produção C1 de US$ 17,9/t no 4T24 também sugerindo um desempenho positivo no 1T25).

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Também para o Itaú BBA, os números foram positivos, sendo 6% acima da projeção para o Ebitda. “A superação em relação à nossa estimativa deveu-se principalmente a custos menores do que o esperado”, reforça o banco.

A visão é que o desempenho da Vale no setor de minério de ferro foi positivo, embora o Ebitda tenha mostrado uma queda em relação ao ano anterior. Os analistas de mercado apontam que a companhia conseguiu melhorar sua eficiência operacional e reduzir custos, o que deve aumentar sua competitividade ao longo de 2025. No setor de metais básicos, a Vale reportou um Ebitda de US$ 541 milhões, com resultados melhores em cobre, embora a divisão de níquel tenha enfrentado desafios.

Os analistas do Goldman Sachs e da XP Investimentos destacaram a importância da estratégia de alocação de capital da Vale, que agora inclui um foco renovado em dividendos e recompra de ações. A empresa também está atenta às condições do mercado, especialmente em relação à demanda por cobre, que pode se beneficiar de uma recuperação na atividade econômica, especialmente na China.

A Vale anunciou: i) uma redução da orientação de capex de 2025 para US$ 5,9 bilhões, de US$ 6,5 bilhões antes; ii) a abertura de um novo programa de recompra de 120 milhões de ações (3% das ações em circulação); e iii) cerca de US$ 2 bilhões em dividendos, incluindo US$ 500 milhões em pagamentos extraordinários.

Na visão da XP, o ajuste para baixo do capex reflete parcialmente um real depreciado (suposição da empresa de R$ 5,70 versus R$ 5,50 anteriormente).

“Com a maioria dos balanços da empresa já concluídos, acreditamos que o desempenho de custo de produção da Vale e sua flexibilidade de portfólio (com as vendas de produtos de maior valor agregado) aumentarão a competitividade da empresa ao longo de 2025. Dito isso, embora reiteramos nossa recomendação neutra pelo upside limitado, vemos uma assimetria positiva para as ações aos preços atuais da VALE3“, aponta a XP. O Morgan Stanley tem recomendação similar (equalweight, exposição em linha com a média do mercado) para os ADRs (recibo de ações negociados nos EUA) para a mineradora.

O Itaú BBA e o Bradesco BBI, por sua vez, possuem recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra). O BBI apontou esperar uma reação positiva do mercado a esses resultados/anúncios, com os investidores devendo acolher a orientação de Capex mais baixa e o dividendo extraordinário junto com o programa de recompra renovado. “Isso confirma nossa visão de uma alta probabilidade de um dividendo extraordinário em 2025. Também destacamos que o dividendo extraordinário ressalta a confiança da administração na melhora do momento operacional da Vale e reforça a remuneração dos acionistas como um foco principal”, avalia.

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