Gerdau: 4T em linha, mas “pontos fracos” e desafios para 2025 predominam; ação cai 5%

A siderúrgica Gerdau (GGBR4) divulgou na noite de quarta-feira (19) um lucro líquido ajustado de R$ 666 milhões no quarto trimestre de 2024 (4T24), uma queda de 9% ao valor reportado no mesmo período de 2023.

O número também foi abaixo do esperado no mercado, enquanto a companhia estimou investimentos praticamente estáveis em 2025 ante 2024. A companhia disse que pode repensar investimento no Brasil se o governo demorar mais em defesa comercial e que está reavaliando estudos para nova usina no México após anúncio de tarifas pelos EUA.

Além disso, a companhia deu indicações “mistas” em teleconferência, vendo uma piora em suas operações no Brasil e uma melhora na América do Norte, o seu “ponto fraco” nos últimos trimestres. As ações fecharam com perdas de 5,36%, a R$ 16,43.

Sobre o resultado, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 2,391 bilhões, 3% acima do consenso e 7% acima da estimativa do Morgan Stanley de R$ 2,234 bilhões.

Segundo o Morgan Stanley, o desempenho do Ebitda foi impulsionado por maiores receitas líquidas, apesar de despesas gerais e administrativas ligeiramente maiores.

A Gerdau também anunciou sua orientação de capex para 2025 de R$ 6 bilhões, o que ficou 4% abaixo do consenso de R$ 6,3 bilhões e 7% abaixo da previsão R$ 6,5 bilhões do Morgan. O Morgan ressalta que o valor orientado não inclui transações de fusões e aquisições (M&A), como a recente aquisição das PCHs Garganta da Jararaca e Paranatinga II.

O Morgan Stanley reiterou recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 27.

Com a rentabilidade mais fraca amplamente esperada na América do Norte como o principal ponto negativo dos resultados, a XP Investimentos comenta em relatório que as incertezas sobre o momento de um potencial ponto de inflexão nos preços/demanda (se for o caso) nos EUA permanecem como o principal ponto de interrogação dos investidores antes de 2025.

Além disso, embora os riscos de uma desaceleração macro no Brasil não devam ser negligenciados, a XP acredita que as iniciativas de redução de custos da Gerdau ao longo de 2024 poderiam mitigar parcialmente um ambiente de preços mais fraco no mercado interno. Por fim, reiterou a classificação de compra na Gerdau, com a companhia sendo negociada em um nível de valuation assimétrico (e descontado) abaixo de 4 vezes Valor da Firma (EV)/Ebitda para 2025.

Para o BBI, a Gerdau relatou tendências desafiadoras, como esperado para o 4T24, com desempenhos sequencialmente mais fracos em todas as geografias em que atua. O banco observa que suas margens nos Estados Unidos atingiram o menor nível desde o quarto trimestre de 2020 (4T20), impactadas pela combinação de volumes e preços mais baixos. Enquanto isso, a geração de caixa caiu para R$ 427 milhões. O BBI reiterou sua postura cautelosa e a recomendação neutra para as ações da Gerdau.

A Genial Investimentos, por sua vez, destaca que a companhia manteve sua trajetória de recuperação operacional no Brasil, impulsionada tanto pelos embarques, que chegaram a 1,284 milhão de tonelada, com uma alta suave de +1,3% na base anual, apesar da desaceleração sequencial de -0,5% com o trimestre anterior, típica da sazonalidade, como também pelo incremento marginal no preço realizado.

Por outro lado, a unidade de negócios da América do Norte enfrentou um trimestre de pressão temporária na rentabilidade, como reflexo da queda no preço realizado, impactado por um cenário mais desafiador para o consumo de aço, em meio a (i) taxas de juros elevadas nos EUA, (ii) paradas programadas para manutenção, e (iii) concorrência acirrada com importados por participação de mercado.

Como resultado, as vendas somaram 914 mil toneladas, em linha com as estimativas da Genial, refletindo o cenário adverso. A receita líquida consolidada ficou em R$ 16,8 bilhões, 3,2% acima das expectativas da corretora, sustentada parcialmente pela valorização da taxa de câmbio, que ajudou a atenuar o impacto da queda de preço realizado na ON América do Norte em dólares, na conversão para o real. A Genial manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 23,40.

De acordo com o Itaú BBA, os resultados foram marcados por uma deterioração sequencial nas margens em todos os níveis, seguindo a fraca sazonalidade do final do ano. A Gerdau projetou um capex de R$ 6,0 bilhões em 2025, em linha com a estimativa do banco.

“Olhando para o futuro, todos os olhos estão voltados para o equilíbrio entre a piora do desempenho do segmento de aço longo brasileiro (principalmente devido aos preços mais baixos) e a melhora do ambiente operacional nos EUA, com volumes sequencialmente maiores e custos mais baixos com paradas para manutenção”, comenta o BBA.

Indicações para 2025

Neste sentido, o Bradesco BBI ressalta que alguma desaceleração é esperada nos próximos meses para o Brasil, ressaltando as indicações da teleconferência do 4T24.

Embora destacando que os setores de construção e automotivo permaneçam saudáveis, a administração da Gerdau ecoou um tom mais conservador sobre a demanda doméstica de aço para os próximos meses, que deve ser impactada por um ambiente macro mais difícil.

Olhando para o primeiro trimestre, a Gerdau antecipa preços realizados mais baixos e custos mais altos, levando a uma maior compressão de margem. Do ponto de vista estratégico, a combinação de demanda enfraquecida e oferta crescente deve prolongar os desafios estruturais no mercado de vergalhões.

Como resultado, a empresa vem buscando crescimento em outros produtos, particularmente em aços planos, que devem atingir uma participação de 50% no mix da Gerdau no Brasil nos próximos trimestres (versus 40% atualmente).

Para a América do Norte, por outro lado, há mensagens construtivas sobre a demanda. “Após resultados desafiadores nos últimos trimestres, a Gerdau compartilhou mensagens construtivas sobre os fundamentos da demanda daqui para frente. A empresa experimentou uma melhora nas entradas de pedidos nos últimos meses, uma tendência que deve continuar durante o ano, dado o aumento dos volumes dos setores não residenciais e de infraestrutura”, avalia o BBI.

Para o BBI, a Gerdau compartilhou mensagens mistas em suas principais regiões. Embora a dinâmica deva se recuperar nos EUA em meio a tendências de demanda potencialmente mais fortes e importações menores, a perspectiva do Brasil é vista como desafiadora, dadas as condições macroeconômicas mais difíceis.

“No geral, mantivemos nossa visão mais cautelosa sobre as ações da Gerdau, considerando: (i) menor dinâmica dos lucros, (ii) risco de queda nas estimativas de consenso e (iii) falta de geração de FCF (fluxo de caixa livre)”, avalia a equipe de análise.

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