Petrobras perde R$ 24,5 bilhões de valor após frustração com dividendos e resultados

As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) caíram forte na sessão após a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24) e de dividendos abaixo do esperado pelo mercado. Os ativos ON caíam 5,56% (R$ 39,24), enquanto os PNs tiveram baixa de 3,53%, a R$ 36,61.

Com isso, a Petrobras perdeu cerca de R$ 24,5 bilhões de valor de mercado em uma sessão, passando de um valor de mercado de R$ 515,92 bilhões na quarta para R$ 491,42 bilhões nesta quinta.

Os ADRs (American Depositary Receipts, ou recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) da estatal já davam o prenúncio de uma reação negativa do mercado nesta quinta. Durante a manhã, os papéis PBR (equivalentes aos ordinários) caíam 4,40% (US$ 13,69), no pré-mercado de NY, enquanto os PBR-A (equivalentes aos preferenciais) tinham baixa de 3,82% (US$ 12,59). No pós-mercado na última quarta, PBR caiu 7,12% (US$ 13,30), enquanto PBR-A teve perda de 7,26% (US$ 12,14).

A Petrobras registrou prejuízo líquido de R$ 17 bilhões no quarto trimestre, ante um lucro líquido de R$ 31 bilhões no mesmo período de 2023, com impactos de natureza contábil relacionados ao câmbio.

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O resultado contribuiu para um recuo 70,6% no lucro líquido de 2024, que somou R$ 36,6 bilhões, após a companhia ter tido o segundo melhor desempenho de sua história em 2023, com R$ 124,6 bilhões.

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Mas o fator mais negativo, conforme destacaram os analistas de mercado, foi o anúncio do dividendo. O Conselho aprovou o pagamento de R$ 9,1 bilhões em dividendos aos acionistas, a ser confirmado em Assembleia Geral Ordinária. Considerando os proventos antecipados pela companhia ao longo do ano, a remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2024 deve totalizar R$ 75,8 bilhões.

dividendo anunciado de equivalente a US$ 1,6 bilhão ficou bem abaixo do consenso, conforme destacou a XP em relatório, apontando a sua expectativa de um valor entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões.

“O principal culpado parece ser o capex, que terminou 2024 cerca de US$ 2,1 bilhões (15%) acima do guidance, com grande parte da surpresa concentrada no 4T24”, avaliaram os analistas Regis Cardoso e Helena Kelm, que assinam o relatório.

Durante a webcast de resultados, a Petrobras declarou que o capex adicional de US$ 2,1 bilhões em 2024 que movimentou as ações hoje e levou a uma queda dos dividendos, foi em parte devido a dois motivos principais: i) o início da produção mais cedo do que o esperado do FPSO Almirante Tamandaré (Búzios 7); e ii) pagamentos antecipados a fornecedores para evitar atrasos nas próximas plataformas de Búzios, especialmente P-78 (Búzios 6) e P-79 (Búzios 9).

O Itaú BBA destaca alguns insights sobre as datas de início e progressão do capex para as plataformas de Búzios planejadas no Plano Estratégico 2025-2029:

  • Sobre as primeiras datas de petróleo: a maioria dos projetos sofreu um atraso de pelo menos um ano em suas operações iniciais em comparação ao cronograma original. As primeiras datas de óleo esperadas para P-78 e P-79 não foram reprogramadas no último plano, mas de acordo com a declaração da empresa hoje, esses projetos estavam em risco de atraso.
  • Sobre a progressão do capex: É notável que os desembolsos financeiros para as próximas plataformas de Búzios aumentaram após o 3T24 devido à decisão da empresa de agilizar os pagamentos aos fornecedores.

Como resultado, o desembolso total de despesas de capital para o ano superou a orientação revisada em agosto de 2024, sem uma revisão ascendente correspondente na curva de produção delineada no Plano Estratégico, uma vez que as primeiras datas de óleo não foram antecipadas em conjunto com o capex.

Em relatório mais cedo sobre o balanço, apesar das preocupações com o capex elevado, os analistas do Morgan Stanley e do Itaú BBA apontaram acreditar que os desembolsos financeiros em 2025 devem ser menores, já que a antecipação de pagamentos em 2024 reduziu o descompasso entre a evolução física e financeira dos projetos. Isso pode abrir espaço para distribuições extraordinárias de dividendos mais à frente.

(com Reuters)

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