Dona de clínica vira ré por morte de influencer após procedimento estético nos glúteos; relembre o caso

A empresária Grazielly da Silva Barbosa, dona de uma clínica de estética em Goiânia, em Goiás, virou ré pela morte da influenciadora digital Aline Maria Ferreira, de 33 anos. A mulher passou por uma aplicação de PMMA nos glúteos, em um procedimento conhecido como “bioplastia de bumbum”, e depois ficou dias apresentando dores, febre alta, fraqueza, episódios de desmaio até que não resistiu.

Conforme a investigação, Aline pagou R$ 3 mil pelo procedimento estético, que visava o aumento do bumbum em três sessões. Na primeira, a única feita por ela, no dia 23 de junho de 2024, foi realizada a aplicação de 30 ml de polimetilmetacrilato (PMMA) em cada glúteo. Na sequência ela passou mal e foi hospitalizada, mas morreu nove dias depois.

Na época da morte, Grazielly teve a prisão preventiva decretada, mas a detenção foi convertida para domiciliar pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e ela segue neste regime até os dias atuais. A clínica “Ame-se”, por sua vez, foi fechada pela Vigilância Sanitária visto que não possuía alvará de funcionamento e não tinha um responsável técnico.

Segundo a polícia, a empresária se apresentava como biomédica, mas cursou apenas três semestres do curso no Paraguai e não concluiu a graduação. Ela também alegou que fez cursos de especialização na área, mas, segundo a delegada Débora Melo, a mulher não apresentou nenhum certificado.

Depois que Aline foi internada por passar mal, Grazielly ainda fingiu ser médica e entrou em uma unidade de saúde para aplicar uma injeção de anticoagulante na paciente, segundo a investigação.

Na época, a fabricante do PMMA, a MTC Medical, informou que as investigações apontam que produto que foi injetado em Aline foi retirado de potes da bolsa da falsa biomédica e que as seringas foram então enchidas com esse material. Esse manejo, segundo a fabricante, é totalmente distinto do PMMA legítimo, o qual é vendido exclusivamente a médicos.

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Denúncia do MP-GO

A empresária foi denunciada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, mesmo sem intenção.

Segundo a denúncia, ela aplicou o PMMA “em ambiente e condições impróprias, sem a qualificação técnica necessária e sem observar minimamente os deveres legais de cuidados inerentes ao procedimento”.

O MP-GO ressaltou que o laudo cadavérico apontou que a morte de Aline foi causada por falência múltipla de órgãos causada por choque séptico “com origem no tecido subcutâneo dos glúteos”.

O caso foi analisado e aceito pela Justiça, que tornou Grazielly ré. Na decisão, o juiz Jesseir Coelho de Alcantara também retirou o caso do segredo de justiça.

A defesa de Grazielly não foi encontrada para comentar o caso até a publicação desta reportagem. Ao G1, o advogado Welder de Assis Miranda disse que vai provar a inocência de sua cliente ao longo do processo.

Morte da influencer

Aline morava em Brasília, mas se submeteu a “bioplastia de bumbum”, no último dia 23 de junho, em Goiânia. No mesmo dia foi autorizada a retornar para casa.

No entanto, o quadro de dores passou a aumentar nos dias seguintes ao procedimento. Em declaração à polícia, o marido de Aline contou que chegou a entrar em contato com a clínica para questionar os sintomas, sendo informado de que era algo “normal” e orientado a ministrar “um remédio para controlar a febre”.

Mesmo após seguir a orientação da clínica, Aline seguiu apresentando piora no quadro. Além da febre, no dia 26 de junho passado, ela começou a ter fortes dores na região da barriga. No dia seguinte, ela piorou e sofreu um desmaio, sendo levada ao Hospital Regional da Asa Norte, no Distrito Federal, onde ficou internada por um dia e foi encaminha para um hospital particular na Asa Sul.

A transferência aconteceu, pois, ela precisou ser encaminhada para a UTI, onde foi entubada e teve duas paradas cardíacas, sendo que faleceu no último dia 2 de julho.

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