Grande mídia expõe má vontade contra o sucesso de “Ainda Estou Aqui” no Oscar

Walter Salles recebendo a estatueta do Oscar - Reprodução/Max
Walter Salles recebendo a estatueta do Oscar – Reprodução/Max

Após a noite histórica para o cinema brasileiro, na qual o filme “Ainda Estou Aqui” venceu o primeiro Oscar do país, na categoria Melhor Filme Internacional, alguns veículos de imprensa passaram a receber críticas pelo tom de matérias que aparentavam má vontade ou mesmo torcida contra a obra dirigida por Walter Salles e estrelada por Fernanda Torres.

A Folha de S.Paulo destacou que a vitória de favoritos em outras categorias, como “Anora” em Melhor Filme, tenha “amornado” as celebrações que se juntaram às folias de carnaval. Já a CNN Brasil minimizou o feito, levando o termo “apenas” para a manchete ao descrever a primeira, e única, estatueta para o Brasil.

O Estadão, por meio da coluna de Luiz Zanin Oricchio, classificou a campanha dos brasileiros como um “estranho fenômeno”, que levou o público a acompanhar a cerimônia do cinema nos Estados Unidos como uma “final de Copa do Mundo”.

De fato, os brasileiros torceram pelas premiações como o torneio futebolístico, do presidente Lula aos foliões em pontos turísticos como no Pelourinho, em Salvador, que viram a oportunidade de unir o momento histórico à maior festa anual do país: o carnaval.

Essa torcida, para a Veja, foi um “clima incontrolável”, destacando os “fãs digitais”, que mantiveram assuntos relacionados ao Oscar entre os temas mais comentados nas redes sociais.

No X, antigo Twitter, o jornalista Bruno Guzzo uniu algumas dessas publicações e descreveu como “a grande mídia não consegue mais esconder que torceu contra”. Em resposta, seguidores lembraram de como esses canais “morrem de medo de quaisquer possíveis mudanças na Lei de Anistia”, em referência às consequências jurídicas do filme “Ainda Estou Aqui”, que tem incomodado a nova geração de militares.

O filme retrata a história de Rubens Paiva, deputado federal cassado após o golpe de 1964 e sequestrado por agentes do regime em 1971. Levado para o DOI-CODI no Rio de Janeiro, nunca mais foi visto. A produção detalha a perseguição política sofrida por sua família e denuncia as práticas de tortura e desaparecimento forçado, elementos que continuam a incomodar setores militares que tentam minimizar os abusos cometidos no período.

A nova geração de oficiais busca se distanciar desse passado, mas o filme reforça o peso histórico das violações de direitos humanos cometidas sob o regime. O reconhecimento oficial da morte de Rubens Paiva, agora corrigido em sua certidão de óbito, só aumentou o mal-estar entre os militares.

“É um tema que nunca foi bem aceito nas Forças Armadas, seja pelos que repudiavam os métodos ou pelos que os justificavam como uma guerra contra o comunismo”, afirmou um analista militar.

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