Deputada do PSOL denuncia uso de verba pública para gibi de membro do MBL

A deputada estadual Ediane Maria (PSOL) apresentou uma representação ao Ministério Público de São Paulo contra o deputado Guto Zacarias (União Brasil), também da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A parlamentar acusa o colega de utilizar recursos públicos para autopromoção através da produção de materiais educativos voltados às crianças. Com informações da Folha de S.Paulo.

Segundo a denúncia, Guto destinou R$ 300 mil por meio de emenda parlamentar para financiar um gibi e um jogo da memória sobre a Revolução Constitucionalista de 1932. As publicações apresentam como personagens o próprio deputado e outros três integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL): o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), a vereadora Amanda Vettorazzo (União) e o ex-deputado Arthur do Val.

Na representação, Ediane argumenta que a destinação de recursos públicos para materiais que promovem figuras políticas pode configurar violação à Lei de Improbidade Administrativa. “O uso de verbas públicas para a produção de materiais como esse, que autopromove o político, não é só uma imoralidade. É também um ato ilícito, criminoso”, declarou a psolista.

O gibi, produzido pela Sociedade de Veteranos de 32 – MMDC, apresenta Guto Zacarias como “Gutinho”, neto de um soldado paulista. Na narrativa, o personagem exalta o papel dos paulistas na revolução e encerra com a frase: “Jesus Cristo pela humanidade, o soldado paulista por todo o Brasil”.

O MBL negou ter influência na escolha dos personagens e alegou que a decisão partiu da diretoria da entidade de veteranos, como uma homenagem aos membros do movimento: “A homenagem em questão só foi revelada durante um evento da própria entidade, inclusive como uma surpresa para os membros do MBL que ali se encontravam, com o objetivo de agradecê-los pela parceria ao longo dos últimos anos em projetos e ações sociais similares”.

A homenagem foi realizada no ano passado. Em setembro, Guto Zacarias publicou nas redes sociais uma foto segurando a revista em frente ao Obelisco do Ibirapuera e comemorou: “Virei quadrinho!”. Além do gibi e do jogo da memória, a emenda parlamentar financiou exposições, visitas guiadas ao Obelisco e oficinas educativas. A revista em quadrinhos tem 24 páginas e teve uma tiragem de pelo menos mil exemplares.

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