Juros longos sobem com IPCA pressionado e alta dos rendimentos dos Treasuries

As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira em alta, em especial entre os vencimentos mais longos, refletindo a inflação ainda pressionada no Brasil e o avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior, em meio à guerra de tarifas entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,705%, ante o ajuste de 14,706% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,575%, ante o ajuste de 14,541%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,71%, em alta de 12 pontos-base ante 14,59% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,72%, ante 14,584%.

No início do dia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA subiu 1,31% em fevereiro, depois de avançar 0,16% em janeiro. O resultado ficou praticamente em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, de alta de 1,30%, para o índice oficial de inflação.

Em 12 meses até fevereiro o IPCA acumulou taxa de 5,06%, de 4,56% no mês anterior e 5,05% projetados pelos economistas.

Embora tenha vindo em linha com o esperado, o IPCA de fevereiro seguiu indicando uma inflação pressionada no Brasil, inclusive considerando seus componentes. Os serviços intensivos em mão de obra — que vêm sendo observados de perto pelo Banco Central — subiram 0,63% em fevereiro, conforme cálculo do banco Bmg, que esperava taxa de 0,54%.

A média dos núcleos de inflação variou 0,60%, de acordo com o Bmg, ficando um pouco melhor que o 0,65% esperado, mas ainda assim a percepção geral no mercado era de uma inflação pressionada.

“O IPCA veio em linha, mas na abertura continua mostrando um qualitativo muito ruim”, pontuou a analista Laís Costa, da Empiricus Research. Segundo ela, isso deu certo suporte às taxas dos DIs mais longas.

“O corte (da taxa básica Selic) que o mercado está começando a embutir (na curva) ou em dezembro ou em janeiro (de 2026) não será trivial, não será unânime. Este desconforto eleva a ponta longa”, comentou durante a tarde.

Outro fator para a alta das taxas futuras era o avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior. Pela manhã, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que seu índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 0,2% em fevereiro, desacelerando ante a alta de 0,5% em janeiro. Economistas esperavam por uma taxa de 0,3%.

Apesar do resultado favorável, alguns componentes subjacentes dos dados que alimentam o índice PCE — a medida de inflação preferida do Federal Reserve — ficaram acima do esperado.

Neste cenário, o dólar e os rendimentos dos Treasuries reagiram em baixa ao dado cheio do CPI em um primeiro momento, mas voltaram a ganhar força logo depois, em meio à avaliação mais qualitativa dos números. Por trás do movimento está a visão de que os EUA não terão tanto espaço para cortar juros por conta da inflação.

Os receios ligados à inflação norte-americana foram reforçados pelas preocupações em torno das tarifas de importação impostas pelos EUA. Nesta quarta-feira entrou em vigor o aumento de tarifas sobre importações de aço e alumínio. Os países mais afetados são Canadá, o maior fornecedor estrangeiro de aço e alumínio para os EUA, Brasil, México e Coreia do Sul, que têm desfrutado de isenções ou cotas.

Assim, os yields dos Treasuries se mantiveram em alta durante a tarde, dando suporte também às taxas dos DIs.

Perto do fechamento a curva brasileira precificava 96% de probabilidade de alta de 100 pontos-base da taxa básica Selic em março, como vem indicando o Banco Central. Atualmente a Selic está em 13,25% ao ano.

As dúvidas maiores seguem girando em torno do que será feito com a Selic a partir de maio. Na terça-feira o mercado de opções de Copom da B3 precificava 56,00% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio, 13,50% de chances de manutenção, 13,00% de probabilidade de alta de 25 pontos-base, 9,00% de chances de alta de 75 pontos-base e 4,00% de chances de nova alta de 100 pontos-base.

Às 16h46 o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 3 pontos-base, a 4,32%.

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