O que esperar dos juros na “Super Semana” dos Bancos Centrais?

No próximo dia 19 acontece a chamada “Super Quarta”, apelido dado pelo mercado financeiro quando coincidem as datas das reuniões dos comitês de política monetária nos Estados Unidos (Fomc) e do Brasil (Copom). Mas como vários outros Bancos Centrais importantes pelo mundo vão discutir e anunciar suas taxas de juros básicas nos próximos dias, não é exagero chamar esse período de “Super Semana”.

Embora existam exceções como a do Brasil — ainda no meio de um ciclo de alta na Selic, por conta de expectativas de inflação fora da meta — e da Suíça — que deve seguir em seus cortes nas taxas após a inflação de fevereiro ter atingido o patamar mais baixo em quatro anos –, a estratégia atual dos demais BCs é de “esperar para ver”. Veja alguns exemplo:

Estados Unidos

Após cortar as taxas de juros em 100 pontos base no final de 2024, o Federal Reserve fez uma parada técnica no final de janeiro, deixando os juros na faixa entre 4,25% a 4,50%. Para esta quarta-feira, é esperado que o Fomc tome uma decisão similar. O Bradesco lembra em relatório que a autoridade monetária tem adotado um tom mais duro nos últimos meses, ao mostrar sinais de preocupação com a inflação. E destaca que será importante observar as projeções dos membros do comitê, que serão um guia para os próximos passos da política monetária, especialmente se houver uma revisão altista para a inflação, dada as recentes medidas tarifárias anunciadas por Donald Trump

Brasil

A decisão do Copom foi anunciada previamente ainda em dezembro de 2024, quando a diretoria do Banco Central optou por acelerar a alta da Selic em 1 ponto percentual e antecipou que seriam necessários mais dois ajustes de mesma magnitude, em janeiro e em março. Ou seja, a taxa básica deve subir para 14,25%. A dúvida está na taxa final do ciclo, uma vez que alguns agentes de mercado apostam que o BC continuará dando mais atenção às expectativas desancoradas do IPCA, enquanto outros alertam para os sinais de desaquecimento econômico e para a taxa de câmbio mais estável, que podem dar algum fôlego. Para o C6 Bank, o foco da decisão ficará voltado à comunicação em relação aos próximos passos. “Nas comunicações mais recentes do Banco Central, os diretores não fizeram qualquer menção a uma necessidade de subir os juros para além do já sinalizado. Isso nos leva a crer que estamos chegando perto do fim do ciclo de juros.”

Reino Unido

Com o agravamento das notícias sobre a inflação nas terras do Rei Charles, espera-se que o Banco da Inglaterra (BoE) mantenha as taxas de juros estáveis em 4,5% em 20 de março. Ainda que parte do mercado tenha melhorado suas expectativas de inflação para 2025 fechado, no curto prazo, a variação de preços ainda requer atenção. Em fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) saltou para 3,0%, de 2,5% em dezembro. Michael Field, estrategista-chefe da Morningstar, alertou há poucos dias que o Banco Central Europeu (BCE) está atualmente trabalhando com taxas de 2,5% e provavelmente cortará mais algumas vezes suas taxas este ano. “Isso faz com que a atual taxa do BoE, de 4,5% pareça incongruente, especialmente quando os ambientes econômicos são bastante semelhantes.” 

Suíça

Segundo analistas citados pela Reuters, aumentou a probabilidade de o Banco Nacional Suíço cortar sua taxa dos atuais 0,5% para 0,25% em sua próxima do dia 20 de março, isso para evitar que a inflação caia abaixo de sua meta, entre 0% e 2%. A inflação suíça avançou apenas 0,3% no mês passado em comparação com o ano anterior, a variação mais baixa desde abril de 2021, muito por conta das importações mais baratas. A próxima reunião vai acontecer apenas em junho, quando acredita-se a taxa de juros vai cair para 0%.

Japão

Também não é esperada nenhuma ação de política monetária pelo Banco do Japão na quarta-feira. O banco ING disse em análise que presidente do BoJ, Kazuo Ueda até pode fornecer alguma orientação direcional para o ano, mas não sobre o momento ou a magnitude dos aumentos das taxas que estão por vir. O índice de preços ao consumidor de fevereiro será divulgado apenas na sexta-feira e acredita-se que inflação geral provavelmente diminuirá para 3,5% em termos anuais, ante os 4% observados em janeiro. Isso após a retomada do programa de subsídios de energia do governo e de os preços dos alimentos frescos se estabilizarem. Os mercados também se concentrarão nos resultados das negociações salariais de primavera (o tradicional “Shunto”), o que pode afetar o momento do próximo movimento do BoJ sobre juros.

China

Quem também deve deixar a taxa de juros inalterada é Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês), em decisão que deverá ser anunciada na virada da quarta para quinta-feira (pelo horário de Brasília). Grade parte dos principais dados macroeconômicos chineses serão revelados ainda na segunda-feira, com expectativa de produção industrial e vendas varejistas ainda aquém do esperado, com investimentos mornos e mercado imobiliário crescendo a taxas modestas. “Exceto por um corte na taxa de recompra reversa de referência de 7 dias nos próximos dias, é seguro assumir que não haverá mudança na taxa básica de empréstimo (LPR) na próxima semana”, diz o ING.

Taiwan

Na reunião trimestral de política monetária do banco central de Taiwan na quinta-feira, espera-se que as autoridades mantenham as taxas inalteradas em 2,0%. Na reunião anterior, a orientação inclinou-se amplamente para o lado “hawkish”, lembra o ING em análise — isso após vários meses de inflação mais suave.

Chile

Na sexta-feira, o Banco Central do Chile também realizará sua reunião de política monetária. Na reunião de janeiro, o Conselho do banco manteve por unanimidade a taxa de política monetária (MPR) em 5,0% — a pausa ocorreu após o corte de 25 pontos-base na reunião de dezembro. O Itaú destaca em análise que, em contraste com a declaração anterior, foi eliminada a sinalização de novos cortes, consistente com as incertezas para a inflação de curto prazo e as expectativas de inflação de médio prazo pressionadas. “Esperamos que o BcCh mantenha sua taxa básica de juros inalterada em 5% em meio à elevada incerteza global e dados de atividade mais fortes na margem, ao mesmo tempo em que permite que a dinâmica mais favorável do CLP consolide seu efeito na perspectiva de inflação”, diz o banco brasileiro.

Paraguai

A reunião de política monetária do Paraguai também está marcada para a sexta-feira (21). No último encontro, o comitê do banco central decidiu manter a taxa básica de juros em 6%, como esperado. “Em nossa opinião, a revisão do BCP das taxas neutras para uma faixa entre 1,3% e 2,6%, com uma mediana de 1,7%, limitou o espaço para cortar as taxas no curto prazo. Não esperamos nenhuma mudança na taxa básica de juros na próxima reunião”, diz o Itaú.

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