Caso Vitória: suspeito que confessou ter matado garota por vingança nega ser integrante de facção

Maicol Antonio Sales dos Santos, de 27 anos, que confessou ter matado por vingança a adolescente Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, em Cajamar, na Grande São Paulo, negou que tenha qualquer ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), como foi cogitado ao longo da investigação. Por conta da forma que a vítima foi achada morta, sem os cabelos, surgiu a suspeita que o crime tinha semelhanças com os cometidos pela facção criminosa.

No depoimento em que confessou o crime, Maicol disse que não conhece e nunca teve contato com nenhum integrante do PCC. Além disso, ressaltou que agiu sozinho no assassinato da vítima, sendo que os demais suspeitos que eram investigados no caso não tiveram nenhuma participação.

Ele foi questionado sobre o fato de Vitória ter sido achada sem os cabelos, mas Maicol não soube precisar e acredita que isso possa ter ocorrido em função da decomposição do corpo.

A Polícia Civil diz que, a partir das provas colhidas até agora e a confissão de Maicol, não há mais dúvidas sobre a autoria do crime. Os investigadores acreditam que ele agiu mesmo sozinho e só aguardam a finalização de alguns laudos para concluírem as investigações.

“Fica claro que somente ele participou desse crime. Primeiro porque ele já vinha perseguindo. Isso é o que já há muito tempo ele vinha perseguido a vítima, mas a prova cabal ontem à noite ele quis confessar o crime. E fica muito claro que ele era obcecado pela vítima”, disse o delegado Luiz Carlos do Carmo, diretor da Polícia Civil da Grande São Paulo.

“Ele [Maicol] comentou que era apaixonado por ela”, disse o delegado, explicando que o rapaz cometeu o crime por vingança após ser rejeitado por Vitória.

A defesa de Maicol não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

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Como o crime foi cometido?

Maicol deu detalhes à polícia e disse que o assassinato ocorreu em um momento de descontrole. O homem disse que esfaqueou a vítima dentro do seu carro, mas que tudo foi muito rápido e ela nem chegou a gritar por socorro.

“Vitória não chegou a gritar, porque os dois golpes foram muito rápidos chegando a desfalecer logo após o segundo golpe. Tudo foi muito rápido, [o suspeito] entrou em desespero e seguiu sentido à sua casa”, diz um trecho do depoimento de Maicol.

O homem alegou que teve um relacionamento com Vitória há cerca de um ano e meio e ela teria ameaçado que revelaria o caso para a esposa dele. Assim, na data do crime, ele a chamou para conversar e ela entrou no carro espontaneamente.

Em um determinado momento da conversa, segundo Maicol, Vitória teria tentado agredi-lo, quando ele perdeu a cabeça, pegou a faca e a atacou. Depois disso, desesperado, ele foi para casa e colocou o corpo da vítima no porta-malas do carro. Na sequência, pegou uma enxada e seguiu até uma estrada de terra, onde abriu uma cova e enterrou o corpo.

Apesar das alegações de Maicol, a polícia diz que não há indícios de que Vitória manteve um relacionamento com ele. A investigação descobriu que ele era obcecado por ela, sendo que a perseguia desde 2024. Várias fotos da garota foram encontradas no celular do homem.

Morte de Vitória

Vitória foi vista pela última vez no dia 26 de fevereiro, em Cajamar. O pai da jovem sempre a buscava de carro no trabalho, mas naquela data o veículo estava em uma oficina e ela teve que voltar de ônibus. Logo que saiu do serviço, Vitória mandou uma mensagem por WhatsApp para uma amiga, quando disse que estava sendo perseguida por dois homens e que estava com medo.

A garota contou que, ao chegar no ponto de ônibus, um dos suspeitos entrou no mesmo coletivo que ela. Foi quando a amiga disse que poderia ser que ele também estivesse indo para casa ou, quem sabe, estivesse mesmo a perseguindo: “Espero que não”, respondeu a adolescente, que sumiu após embarcar no coletivo.

O corpo dela foi achado após uma semana do desaparecimento, com várias marcas de violência. O corpo da adolescente estava completamente sem roupas e com os cabelos raspados.

O laudo pericial do Instituto Médico-Legal (IML) revelou que Vitória faleceu em decorrência de uma hemorragia após levar três facadas, sendo uma no tórax, uma no pescoço e outra no rosto. A análise descartou a possibilidade de que a garota tenha sido estuprada, como chegou a ser cogitado.

O documento, que foi entregue na última terça-feira (18) pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC) à Polícia Civil, mostra que exames feitos na região genital da vítima constataram que não houve “lesões traumáticas de interesse médico-legal”. Também foi feita uma pesquisa por espermatozoides, que deu resultado negativo.

O laudo revelou, ainda, que Vitória apresentava álcool no sangue. Porém, isso não prova que ela tenha consumido bebidas alcoólicas antes de morrer, pois pode caracterizar “um processo de fermentação característico da putrefação”, já que o corpo dela já tinha iniciado a decomposição.

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