Copom: o que esperar da Bolsa e do dólar após decisão que elevou Selic?

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Como esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) a 14,25% ao ano, com alta de 1 ponto percentual. A elevação, a terceira consecutiva, não deve surpreender o mercado amanhã, uma vez que havia sido anunciada no comunicado da penúltima reunião do Comitê, ainda em dezembro. As palavras que acompanharam a decisão, no entanto, eram as mais aguardadas e sugerem altas de menor magnitude nas próximas reuniões.

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Em linhas gerais, a alta de juros afeta setores intensivos em capital na Bolsa brasileira, de acordo com o Research da XP. Nomes do setor de transportes, de propriedades comerciais e de agro tendem a ser mais mais sensíveis à variação na taxa de juros e apresentam quedas em lucros projetados para 2025, caso a Selic chegue a 15,5% a.a. como projetado pelo time de economia de Caio Megale para junho desde ano. No lado oposto, alguns setores apresentam quedas menores nas projeções de lucro, como Bens de Capital, Óleo, Gás e Petroquímicos e Papel & Celulose.

“Esses setores tendem a apresentar as seguintes características: (i) estrutura de dívida não vinculada ao CDI, como dívidas pré-fixadas; (ii) realizam hedges de forma efetiva e/ou são dolarizadas; (iii) apresentam posição de caixa líquido; e (iv) possuem dívida em moeda estrangeira”, afirmam Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do Research, Felipe Veiga, estrategista de ações, Júlia Aquino e Lucas Rosa, estrategistas quantitativos.

No curto prazo, a expectativa é que a leitura do comunicado poderá mexer muito mais com os mercados e o câmbio na próxima sessão do que efetivamente a alta, já antecipada.

“O câmbio pode sentir os efeitos desse movimento: a elevação dos juros tende a atrair capital estrangeiro, fortalecendo o real no curto prazo. No entanto, se o mercado interpretar a decisão como reflexo de um cenário econômico desafiador, a percepção de risco pode aumentar, gerando volatilidade tanto na Bolsa, quanto no dólar”, considera Marcio Saito, CFO da Entrepay.

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A visão de Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos é diversa. “Para a abertura da Bolsa amanhã, acho que não vai ter muita diferença nas cotações. Na verdade, a gente pode ver amanhã uma correção pela Bolsa ter subido seis dias consecutivos e o dólar ter tido uma queda relevante”, considera.

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Em sua visão, parte considerável da queda do dólar já era causada pela expectativa por esse aumento de taxa de juros aqui. Com movimentações já precificadas pelo mercado, mesmo as correções não devem atrapalhar a tendência de alta que a Bolsa apresenta e nem a queda relevante do dólar. “Espero uma movimentação de alta para os juros futuros amanhã para os de longo prazo. E para os curtos talvez uma movimentação um pouquinho mais próxima do zero, com uma alta um pouquinho menor”, afirma.

Sua projeção de Selic terminal em 2025 é 15% e a expectativa é que altas menores passem a acontecer na próxima reunião, com possibilidade de aumento de 0,5 ponto percentual.

O guidance presente na decisão, que sustentou uma nova alta mas ainda garantindo liberdade para o Banco Central, reforçou a busca por maior rigidez em direção à uma inflação mais baixa, para Marcelo Bolzani, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.

“Eu acredito que a leitura amanhã dos mercados será uma leitura bastante positiva, continuando esse movimento de melhora que nós tivemos hoje nos mercados”, diz.

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