Moradores do Centenário reclamam de atraso dos ônibus e organizam abaixo-assinado

ônibus centenário

Wilma Grizendi, moradora do Bairro Centenário, na Zona Nordeste de Juiz de Fora, nasceu e cresceu na região. Ela foi ao centro da cidade para uma consulta médica e, ao sair do consultório às 12h, teve que esperar 1 hora e 10 minutos até o próximo ônibus para retornar ao bairro. Mas ela não é a única, os passageiros das linhas que atendem os bairros Centenário e Santa Efigênia, especialmente aqueles que utilizam a linha 145, têm enfrentado dificuldades, devido às mudanças nos horários dos coletivos, que foram alterados no dia 17 de fevereiro deste ano.

A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) anunciou, no dia 12 de fevereiro, a alteração dos horários desta e de diversas outras linhas por meio de seu site oficial. A publicação destaca que essas mudanças tinham como objetivo “atender às demandas dos usuários do transporte coletivo, garantindo o cumprimento das viagens estabelecidas”. No entanto, a realidade é diferente.

André Nei, presidente da Associação de Moradores do Bairro Centenário (AMBC), que há mais de 20 anos se dedica a questões importantes da região onde cresceu, aponta que, ao longo de sua gestão, sempre que ocorreram mudanças no horário dos ônibus, era colocado um cartaz dentro dos coletivos para informar os passageiros sobre o novo itinerário. Contudo, desta vez, de acordo com ele, não houve nenhum aviso – fora a publicação no site – e nem diálogo com a associação para garantir que as alterações de fato atenderiam às necessidades do bairro.

O presidente da associação também destacou que, atualmente, quatro veículos da linha 145 circulam pelo bairro. Nos horários antigos, com intervalos de 30 em 30 minutos, havia ônibus entrando e saindo do bairro regularmente. Porém, com as novas alterações, há momentos em que os moradores precisam esperar até 50 minutos para que um ônibus saia em direção ao centro.

Agora, a Associação de Moradores está se mobilizando para tentar reverter a situação. Em diversos pontos do bairro, o presidente da associação disponibilizou um abaixo-assinado para que os moradores que desejam o retorno dos horários antigos possam assinar e reivindicar esse direito.

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André Nei, presidente da AMBC (Foto: Felipe Couri)

Impacto para pais, alunos e assistidos pela APAE 

Além do impacto na rotina dos residentes, o bairro abriga uma escola municipal e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), que está localizada na divisa entre os bairros Centenário e Santa Terezinha. Os professores, alunos, responsáveis e as pessoas que recebem atendimentos terapêuticos diários na APAE também estão sendo prejudicados pelos novos horários, que não atendem adequadamente às suas necessidades de transporte.

O ponto final da linha 145 está localizado na Rua Santana, próximo ao número 295. De acordo com os moradores, o local fica lotado, especialmente nos horários de pico. Além disso, o ponto não conta com uma cobertura ou bancos para os passageiros, o que torna a espera ainda mais desconfortável. Para amenizar essa situação, o bar situado na esquina, próximo ao ponto final, tem ajudado os passageiros, oferecendo algumas cadeiras para que possam aguardar os ônibus.

Maria Aparecida Abdalla, que vive no bairro há mais de 40 anos, compartilhou sua insatisfação. Ela afirma que, na visão dos moradores, a alteração no transporte público não foi bem planejada, pois, em diversos horários, é comum ver dois ônibus, ou até três, parados no ponto final. A reportagem foi até o local e conseguiu flagrar a situação mencionada por Maria.

Um funcionário da empresa de ônibus, que preferiu não se identificar, explicou que as mudanças ocorreram devido à remoção dos trocadores. Agora, os motoristas acumulam várias funções, além de dirigir, precisam cobrar a passagem, dar troco, operar a catraca e ainda prestar atenção no trânsito. Com esse acúmulo de tarefas, o tempo de cada viagem acabou se alongando, se comparado ao período em que havia trocadores nos ônibus, e quem sofre com a situação são os motoristas e os passageiros.

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Dois ônibus da linha 145 parados no ponto final da Rua Santana. (Foto: Felipe Couri)

O que diz a PJF

Demandada pela Tribuna, a PJF informou em nota que “realizou ajustes no quadro de horários da linha 145, que atende ao bairro Centenário, por conta de questões operacionais, a fim de garantir o cumprimento dos horários estabelecidos, evitando atrasos e perdas de viagens. A PJF segue aberta para o diálogo com os usuários do transporte público por meio do Gabinete de Ação e Diálogo Comunitário”, finaliza.

*Sob supervisão da editora Mariana Floriano 

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