NBA investe em presença local e vê Brasil como mercado prioritário, diz executivo

Fabio Laudisio, associate vice president da NBA Latam

O Brasil se consolidou como um dos principais mercados globais para a NBA, com uma base de fãs que ultrapassa 50 milhões de pessoas. A popularidade da liga no país começou a ser construída nos anos 90, quando o lendário time do Chicago Bulls e o icônico Dream Team (seleção dos EUA que levou o ouro nos jogos olímpicos de Barcelona, em 1992) impulsionaram o basquete para o mainstream.

No entanto, foi a partir de 2012, com a abertura do escritório local da NBA, que a relação com o mercado brasileiro foi transformada, gerando um crescimento exponencial em transmissões e eventos. O tema foi debatido durante o Sport & Business Summit – esporte, investimentos e inovação, promovido pelo InfoMoney.

Fabio Laudisio, associate vice president da NBA Latam, explicou que a presença local foi essencial para consolidar o sucesso da liga no Brasil.

“Quando abrimos o escritório em 2012, tínhamos cerca de 100 jogos transmitidos pela ESPN. Hoje, são mais de 500 partidas transmitidas em todas as plataformas possíveis. Além disso, naquele ano não havia nenhuma loja oficial da NBA no país; agora, já estamos inaugurando a 33ª unidade. Também não realizávamos eventos, e hoje temos a NBA House, que se tornou a maior ativação da liga no mundo todo”, afirmou em entrevista ao InfoMoney.

De acordo com Laudisio, o Brasil possui algumas vantagens competitivas em relação a outros mercados internacionais, especialmente devido ao horário das partidas.

“Os jogos da NBA acontecem no horário nobre do Brasil, quando o público está acostumado a ver futebol. Na Europa, os jogos são de madrugada; na Ásia, pela manhã. Isso nos coloca em uma posição de destaque, fazendo com que o Brasil seja um dos países prioritários para a liga.”

— Fabio Laudisio, associate vice president da NBA Latam

Além do Brasil, outros mercados relevantes para a NBA incluem México e África, com destaque para a Basketball Africa League (BAL). Na Europa, Alemanha, França e países do Leste Europeu se destacam, enquanto na Ásia, Japão, China e Filipinas têm grande representatividade.

Sonho de jogo no Brasil ainda enfrenta barreiras

A realização de uma partida da NBA no Brasil é um desejo antigo dos fãs, mas ainda enfrenta barreiras significativas, segundo Laudisio. A esperança cresceu recentemente por conta dos jogos de outra liga americana, a NFL, de futebol americano.

“Não temos nada concreto no momento. A principal dificuldade é a falta de uma arena com padrão global, além dos desafios comerciais e do calendário apertado da liga. Ainda assim, o nosso compromisso continua sendo trazer as melhores ativações e conteúdos para os fãs brasileiros”, pontua.

Apesar do sonho do jogo presencial, a liga tem investido em eventos e ativações que aproximam o público. O programa “NBA na Estrada”, uma websérie transmitida no YouTube, é um dos exemplos de como a liga busca manter o engajamento.

Além disso, programas como o “Rodada NBA” compilam os melhores lances do dia, atraindo tanto o público mais dedicado quanto os espectadores casuais.

Engajamento com o público jovem garante o futuro da liga

Outro ponto de destaque para a NBA no Brasil é o forte engajamento com o público jovem. Quase 50% dos fãs brasileiros têm menos de 39 anos, e a liga aposta em programas como a plataforma Junior NBA para manter essa conexão a longo prazo.

“A ideia não é necessariamente formar atletas profissionais, mas garantir que os jovens conheçam e gostem da NBA desde cedo. Temos clínicas, cursos para professores e até um squad de influenciadores mirins”, ressalta Laudisio.

Reflexos no basquete nacional

O impacto da NBA no Brasil também desperta reflexões sobre o desenvolvimento do basquete local. Laudisio acredita que o esporte no país tem melhorado consideravelmente, mas ainda enfrenta desafios para alcançar o nível de profissionalização da liga norte-americana.

“O basquete brasileiro está no caminho certo, mas é um trabalho de longo prazo. Já vemos campeonatos locais mais estruturados e o surgimento de novos talentos, mas ainda há muito a evoluir.”

— Fabio Laudisio, associate vice president da NBA Latam

O executivo também destaca que eventos como o Jogo das Estrelas brasileiro têm adotado roteiros semelhantes ao da NBA, refletindo a busca por profissionalização e inovação no mercado nacional.

Para ele, o desenvolvimento da modalidade no Brasil depende de um esforço contínuo e de uma estrutura mais robusta, semelhante ao que aconteceu com a própria NBA, ao longo das décadas.

Apesar dos desafios, a presença massiva e a paixão dos fãs brasileiros continuam impulsionando a liga no país, consolidando o Brasil como um dos mercados mais estratégicos para o futuro da NBA.

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