Brasileiros ganham dinheiro criando conteúdo adulto com ferramenta de IA

Site que permite adicionar um comando e criar uma IA do job. Foto: reprodução

Com a proliferação das ferramentas de inteligência artificial (IA) e de plataformas para a venda de conteúdos adultos personalizados aos consumidores, um grupo de brasileiros criou a proposta das “IAs do job” ou “garotas do job”, mulheres virtuais criadas por IA para produzir conteúdo adulto. A expressão “job”, que significa “trabalho” em inglês, é usada como gíria para se referir a garotas de programa.

Com sites de edição específicos, criadores simulam modelos nuas, cenas de sexo e vendem esse material em plataformas como OnlyFans, Privacy e Fanvue. Elaine Pasdiora, de 35 anos, de Porto Velho (RO), é uma das pioneiras no Brasil e já faturou mais de R$ 20 mil entre janeiro e março de 2025, boa parte com a venda de cursos que ensinam a criar essas personagens virtuais.

O tema ganhou força no TikTok e em grupos de WhatsApp, onde centenas de pessoas buscam aprender a entrar nesse mercado. “Entrei por interesse em aprender como usar a IA para isso e, eventualmente, ganhar dinheiro”, disse uma integrante de um desses grupos ao G1.

No entanto, a maioria das “garotas do job” segue um padrão estético: mulheres brancas, com corpos considerados dentro de um padrão de beleza, reforçando estereótipos.

Modelo de conteúdo adulto criada em ferramenta de IA. Foto: reprodução

Especialistas alertam para o crescimento desse mercado. Cleber Zanchettin, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), explica que a indústria de IA para conteúdo adulto é um segmento gigantesco e tende a expandir.

“As próprias empresas do setor pornográfico estão investindo no treinamento de modelos para criar pornografia personalizada e interativa”, afirmou. Diogo Cortiz, professor da PUC-SP, complementou: “O que era tosco há um ano já não é mais agora”, destacando a evolução rápida da tecnologia.

Apesar do sucesso, há preocupações éticas e legais. Elaine Pasdiora e Elisabete Alves, outra criadora de “garotas do job”, denunciam práticas fraudulentas, como o uso de fotos de pessoas reais sem consentimento.

“Tem muita gente ensinando coisa errada: a manipular fotos de pessoas reais, por exemplo, e isso é crime”, disse Elaine. Enquanto o Senado discute a regulamentação do uso de IA no Brasil, o mercado de “garotas do job” segue em expansão, atraindo tanto curiosos quanto críticos.

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