Todos pelo Rio Camboriú: duas toneladas de lixo foram retiradas das águas e das margens

Cerca de 1.700 voluntários de Balneário Camboriú e Camboriú, funcionários das duas prefeituras e entidades, retiraram duas toneladas de lixo das águas e margens do Rio Camboriú, no sábado (22), no movimento ‘Todos pelo Rio Camboriú’.

Durante quatro horas, foram retirados 2.080 kg (2,08 t) do rio. Só de entulhos, como geladeiras, televisores, colchões, garrafas pet, foi uma caçamba  (15m3), além de um caminhão (12m3) de isopor.

Durante o evento, a prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan, e o prefeito de Camboriú, Leonel Pavan, assinaram um convênio de parceria com a Udesc e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (CREA), que realizará o monitoramento contínuo das condições do Rio Camboriú para acompanhar sua situação ambiental e orientar projetos futuros.

O Jornal Página 3 cobriu a primeira ação conjunta dos dois municípios e conversou com alguns envolvidos. 

Acompanhe:

Os prefeitos Juliana e Leonel e os respectivos vices (Foto: Biel Carboni)

“Literalmente é Todos pelo Rio Camboriú”

Juliana Pavan, prefeita de Balneário Camboriú – “Recolhemos bastante lixo, como máquina de lavar, televisão… eu realmente quero agradecer a parceria da Udesc, do CREA, de todas as pessoas que participaram, literalmente é Todos pelo Rio Camboriú. 

Essa força é muito importante, sociedade civil organizada, a comunidade aqui presente, os vereadores, secretários de ambas as cidades, o prefeito Leonel Pavan de Camboriú, agradecer a Deus por essa oportunidade, porque nós estamos deixando a nossa digital e uma ação que vai ficar pra história. Tantas outras ações já aconteceram em prol da despoluição do Rio Camboriú, mas é a primeira vez que está acontecendo entre ambas as prefeituras, onde mobilizamos uma força-tarefa muito grande, que vai além de governo. 

É uma questão de uma região, que quer conscientizar sobre a preservação da nossa água. Todos nós aqui estamos para recuperar o Rio Camboriú. Não para por aqui, foi dada largada em uma linda história em prol daquilo que nos deu a vida, que é a água, que é o nosso Rio Camboriú”.

“Se não houver colaboração, vamos continuar tendo que limpar todos os dias”

Leonel Pavan, prefeito de Camboriú – “Espero que esse ato não pare por aqui. Não é sobre o volume de lixo que já recolhemos, é que se você recolher hoje, e se não houver uma colaboração, vamos continuar tendo que limpar todos os dias. Fiz um questionamento aqui: aquilo que recolhemos, geladeira, cama, vasos, coisas pesadas, vem pelo rio… mas não é o caso de latinha de cerveja, garrafa de cerveja, pets – isso é jogado por quem usa embarcações, por quem tem dinheiro. Porque muita lata de cerveja, muitas pets de água mineral, muita garrafinha jogada, muito isopor de garrafa e isso aí vem de quem usa as embarcações e muitos daqueles que criticam a sujeira do rio. Para não dizer que são porcos, vou dizer que eles são sujismundos. Esperamos que uma maior conscientização aconteça. É o primeiro passo em prol do nosso Rio Camboriú”.

“Um marco histórico”

Nelson Oliveira, secretário do Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico de Balneário Camboriú – “O objetivo principal foi alcançado. Reunimos, segundo a Udesc, mais de 1700 pessoas. Foi a propagação que foi além fronteiras. Eu vejo como um dia simbólico, um marco histórico, para efetivamente parar de sujar o rio, pois há muitas décadas nós já jogamos esgoto e lixo. E esse lixo que está na rua, que as pessoas acham que não está sujando o rio, no dia da chuva ele vem parar aqui no rio Camboriú. Então, mais uma vez, reitero o pedido de apoio para vocês, para que a gente mude o rumo dessa história. Hoje o que foi lançado aqui, com esse sensoriamento do rio, é para que nós tenhamos um monitoramento para os próximos 10 anos, em tempo real, diariamente, semanalmente, sobre todo o nível de poluição, se está subindo ou está melhorando. É um marco histórico, o UDESC, CREA, Santa Catarina, a Marinha do Brasil, governo federal, estadual e os dois municípios… é emblemático. Eu fico muito honrado de poder participar de um momento para decisivamente dizer aos nossos filhos e netos que nós entregaremos um rio diferente. É o primeiro passo. Nos próximos 22 de março de todos os anos, nós temos esse compromisso de apresentar o resultado, nos reunirmos para limpar esse rio. Enquanto ele não estiver limpo, nós não vamos parar”.

“Vão conseguir identificar a fonte da poluição e agir”

(Foto Renata Rutes)

Oséias Alves Pessoa, diretor-geral da UDESC de Balneário Camboriú e professor do curso de engenharia de petróleo – “A UDESC, como o prefeito Pavan falou, tem um compromisso social, porque nós somos vetores de transformação. E vetores de transformação, passam pela conscientização. E conscientização é saber que o rio trouxe vida, mas também pode trazer vetores de doença, pode inviabilizar o nosso turismo. Portanto, a UDESC tem essa missão. Nós vamos distribuir vários sensores, que vão mapear a qualidade da água. Eles vão monitorar o rio constantemente, em tempo real. As prefeituras vão ter essas informações e vão conseguir identificar a fonte da poluição e agir com o poder do Estado, com uma força máxima para que essas pessoas parem de poluir, porque elas estão causando mal para elas mesmas e para nossa futura geração. O que a gente está fazendo aqui é deixar um legado para os nossos filhos, para os nossos netos e a UDESC, como sempre, é uma universidade que tem essa missão de transformar as vidas das pessoas que aqui estão e para as que virão”.

“Tem vida, mas precisa ser verdadeiramente limpo”

(Foto Renata Rutes)

Eduardo Amorim, surfista, empresário e possui ligação familiar com o Rio Camboriú – “O que a gente está fazendo é mais uma campanha de conscientização, mas o real problema do rio é a poluição causada pelo esgoto, pelas indústrias e pela agricultura. Inclusive a minha família plantava arroz e jogava os agrotóxicos no rio. Então, eu estou aqui para me redimir também desse passado triste. É importante destacar a importância do rio para o nosso desenvolvimento, ele que trouxe os primeiros colonizadores aqui para dentro, o Thomaz Antônio Garcia com a família e parte da minha família veio junto e criaram os colonos de Camboriú. E de lá traziam as famílias para se banhar na praia de Balneário Camboriú, que tinha muita roseta e ninguém queria o terreno com roseta. Eles queriam os terrenos para a agricultura, por isso o interesse veio tão depois aqui para Balneário. Eu navego nele [no rio] direto, porque eu me encontro com meu pai aqui, que faleceu aqui nesse rio. É um momento nosso, pois ele me trazia aqui para passear. A gente vê muitas aves pescando e sobrevoando, ele tem vida, só que precisa ser rapidamente oxigenado, precisa de uma conscientização para ser verdadeiramente limpo”.

“A realidade é preocupante”

(Foto Renata Rutes)

Tim Hamilton, presidente da Associação de Surf de Balneário Camboriú – “Realizamos essa ação de limpeza no Rio Camboriú com a participação da comunidade, buscando recuperar a beleza e a saúde deste importante ecossistema. No entanto, precisamos destacar que a situação do rio é alarmante e, se não forem feitas intervenções significativas, corremos o risco de vê-lo se tornar um verdadeiro Tietê em poucos anos. A realidade é preocupante: a poluição e o desmatamento, agravados pela expansão da construção civil nas cidades de Balneário Camboriú e Camboriú, precisam ser tratados com urgência e responsabilidade. Os principais interessados, como os setores de construção e desenvolvimento urbano, devem olhar com mais carinho para a preservação do nosso rio, pois ele é vital não apenas para o meio ambiente, mas também para a qualidade de vida da população. Ainda é possível reverter essa situação, mas o tempo está se esgotando. Precisamos agir agora, antes que a degradação se torne irreversível. Não podemos mais “enxugar gelo” enquanto o problema se agrava. A responsabilidade é de todos nós, e a conscientização deve ser a base para um futuro sustentável. Convidamos todos — cidadãos, autoridades e empresas — a unir forças em prol da preservação do Rio Camboriú, garantindo que ele continue a ser um recurso valioso e fonte de vida para as próximas gerações. Juntos, podemos fazer a diferença”.

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