Suposto assassino de Vitória diz ter sido coagido por delegado: ‘Inventei uma história’

Maicol Santos é gravado pela Polícia Civil admitindo o assassinato de Vitória Sousa. Foto: Divulgação

Maicol Santos, preso e filmado pela Polícia Civil confessando o assassinato de Vitória Sousa com facadas, voltou a se manifestar em um áudio produzido por seus advogados, no qual acusa um delegado de tê-lo coagido a admitir o crime.

O suspeito, que está preso, alega que a confissão foi forçada durante seu interrogatório, ocorrido em Cajamar, na Grande São Paulo. O áudio, que dura cerca de dois minutos, foi gravado dois dias após a confissão e contém novas informações que podem ser usadas pela defesa para tentar anular a declaração feita por ele.

Segundo os advogados, ele não teve participação na confissão original e sofreu pressão psicológica para assumir a autoria do homicídio. O tempo total da gravação é de aproximadamente dez minutos, mas apenas o trecho com a alegação de coação foi revelado até o momento.

A jovem Vitória Sousa, de 17 anos, foi assassinada na madrugada de 27 de fevereiro, após deixar seu trabalho em um shopping e embarcar em um ônibus para casa. O corpo da adolescente foi encontrado em 5 de março, em uma área de mata, com cortes no rosto, pescoço e tórax.

Maicol Santos, operador de empilhadeira, confessou em depoimento que matou a vítima devido à ameaça de que ela revelaria à sua esposa um relacionamento passado entre ambos. Segundo a versão apresentada inicialmente por o suspeito, ele agiu sozinho e, após o assassinato, enterrou o corpo de Vitória em uma cova rasa.

No novo áudio, Maicol declara que foi coagido a confessar o crime. Ele relata que os policiais ameaçaram prender sua família, incluindo sua mãe e esposa, caso ele não colaborasse com a investigação. Na gravação, o suspeito afirma: “Eles falaram que iam colocar a minha mãe na cena do crime, que iam envolver minha esposa e minha família toda se eu não ajudasse. Aí eu inventei uma história e falei que fui eu para me livrar e livrar minha família.”

A defesa de Maicol, composta pelos advogados Flávio Ubirajara, Arthur Novaes e Vitor Aurélio, está analisando a possibilidade de usar esse áudio como base para solicitar à Justiça a anulação da confissão. Eles alegam que a gravação mostra que o depoimento foi feito sob pressão, o que invalidaria a confissão original.

A Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-SP foi acionada pelos advogados do caso e esteve na delegacia de Cajamar para garantir que as prerrogativas da defesa fossem respeitadas. A Ordem informou que sua atuação foi exclusivamente para assegurar os direitos dos advogados e o devido processo legal, sem se envolver no mérito do caso.

Por sua vez, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) emitiu uma nota informando que a confissão de Maicol foi legal e que todos os procedimentos adotados pela Polícia Civil seguiram o que determina o Código de Processo Penal. A SSP também informou que, além da confissão, a investigação prossegue com a solicitação de uma reconstituição do crime para esclarecer todos os detalhes do assassinato de Vitória.

A defesa de Maicol também entrou com um pedido na Justiça contra a decisão da polícia de realizar uma perícia psiquiátrica no suspeito. Eles argumentam que a medida é “ilegal e arbitrária”, já que foi agendada sem ordem judicial, e afirmam que a perícia poderia ser usada para validar a confissão feita sob coação.

A OAB-SP também acompanhou esse movimento, em defesa das prerrogativas dos advogados e do cumprimento da legislação. Embora Maicol tenha confessado ter dado dois golpes de faca em Vitória, a perícia revelou que a vítima sofreu três facadas.

Além disso, o corpo de Vitória foi encontrado em uma cova rasa, sem cobertura de terra, o que também contradiz a versão de Maicol, que afirmou tê-la enterrado de forma cuidadosa. A defesa sustenta que a confissão de Maicol foi feita sem a presença de seus advogados, o que é contestado pela Polícia Civil, que alegou que a presença de um advogado da OAB foi garantida durante o depoimento.

Especialistas afirmam que uma confissão extrajudicial, como a realizada por Maicol na delegacia, pode ser válida, desde que seja espontânea e sem coação. No entanto, a defesa alega que o interrogatório violou os direitos do acusado, e o caso segue gerando controvérsias sobre a validade das provas obtidas.

Familiares e amigos de Vitória Sousa realizaram uma manifestação em Cajamar, pedindo justiça pelo assassinato da jovem. Eles acreditam que Maicol tem envolvimento no crime, mas suspeitam que ele tenha sido auxiliado por outras pessoas. A polícia, por sua vez, considera o caso esclarecido, com o suspeito identificado e a motivação do crime confirmada.

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