“Sem saída”: advogados já calculam pena de Bolsonaro no julgamento do golpe

Jair Bolsonaro (PL): advogados de investigados já calculam a pena do ex-presidente no julgamento do golpe no STF. Foto: Supremo Tribunal Federal / AFP

Enquanto aguardam a conclusão do julgamento da denúncia contra Jair Bolsonaro (PL) e aliados por tentativa de golpe, advogados de investigados já fazem um cálculo do tamanho da pena que deve ser imposta pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-presidente.

Na avaliação de quatro defensores de outros investigados ouvidos reservadamente, se for condenado, Bolsonaro deve receber uma pena de 25 a 35 anos, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

O motivo principal seria a sua posição de comando em uma organização criminosa que teria articulado uma ofensiva contra a democracia para impedir a posse do presidente Lula (PT) e do vice Geraldo Alckmin (PSB).

A conta dos advogados considera que, como os outros réus que tiveram papel menor na trama — como os condenados por depredar as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro — receberam penas entre 14 e 17 anos de prisão, Bolsonaro deve receber uma sentença consideravelmente maior.

“O papel de liderança em uma organização sempre agrava a pena”, diz o advogado de um dos denunciados pela PGR. “Bolsonaro não tem saída”, resume outro.

O “cálculo”

O cálculo feito nos bastidores tem como referência o julgamento do Supremo Tribunal Federal, em setembro de 2023, do primeiro réu do 8 de Janeiro condenado pela Corte.

Na ocasião, o ex-técnico da Sabesp Aécio Lúcio Costa Pereira foi condenado a 17 anos de prisão por dano qualificado, deterioração de patrimônio público tombado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e associação criminosa.

Aécio foi flagrado dentro do Congresso em 8 de janeiro usando uma camiseta com a inscrição “intervenção militar já”. Naquele dia, ele postou um vídeo sentado na Mesa Diretora do Senado no qual dizia “Vai dar certo, não vamos desanimar”.

“Se o povo que estava lá invadindo os prédios públicos no 8 de Janeiro pegou pena elevada, imagina quem teve protagonismo na trama golpista. É provável que quem for condenado agora pegue uma pena ainda mais elevada”, diz um influente advogado de um dos investigados.

De acordo com a denúncia da PGR, Bolsonaro, junto dos ex-ministros Anderson Torres (Justiça), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e Walter Braga Netto (Casa Civil), do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e do ex-comandante da Marinha Almir Garnier, “formaram o núcleo crucial da organização criminosa” e “deles partiram as principais decisões e ações de impacto social” narrados na acusação da PGR apresentada ao STF. Todos eles foram denunciados no núcleo central da trama golpista, que será julgado a partir de hoje.

“A responsabilidade pelos atos lesivos à ordem democrática recai sobre organização criminosa liderada por Jair Messias Bolsonaro, baseada em projeto autoritário de poder. Enraizada na própria estrutura do Estado e com forte influência de setores militares, a organização se desenvolveu em ordem hierárquica e com divisão das tarefas preponderantes entre seus integrantes”, escreveu Gonet na denúncia.

A denúncia de 272 páginas do procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi mais rigorosa e imputou mais crimes a Bolsonaro do que a Polícia Federal (PF) no relatório de 884 páginas que indiciou o ex-presidente no inquérito da trama golpista, em novembro do ano passado.

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