“Criou-se narrativa do 8 de janeiro”, diz advogado após Bolsonaro virar réu no STF

O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Celso Vilardi, criticou duramente a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que tornou seu cliente réu por tentativa de golpe de Estado, em julgamento unânime realizado nesta quarta-feira (26). Em declaração à imprensa na saída do julgamento, Vilardi afirmou que a denúncia carece de base concreta e que há uma tentativa de vincular indevidamente Bolsonaro aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

“Nós estamos falando de 8 de janeiro, que é algo que o presidente não está envolvido, não esteve envolvido”, disse o advogado. “Só na denúncia é que surge esse envolvimento, porque nem no relatório da Polícia Federal surgiu. Criou-se uma narrativa do 8 de janeiro para envolver o presidente. Essa que é a verdade.”

Vilardi também criticou a condução processual, afirmando que a defesa teve acesso apenas parcial aos elementos de prova, o que comprometeria o direito ao contraditório. “Trechos de diálogos, partes de depoimentos… não sabemos em qual contexto eles foram colocados. Vamos provar a inocência? Vamos. Mas precisamos ter liberdade de defesa, porque senão é muito complicado”, disse.

O advogado defendeu que o julgamento trouxe à tona exatamente o risco que a defesa vinha alertando desde o início do processo: “O alerta que estamos fazendo desde a apresentação da defesa e na sustentação oral de ontem é o que aconteceu hoje.”

Vilardi ainda elogiou o voto do ministro Luiz Fux, especialmente quanto à avaliação da dosimetria e à análise dos dois delitos imputados a Bolsonaro, destacando conflitos jurídicos entre eles: “O ex-presidente Luiz Fux fez um posicionamento absolutamente correto.”

A decisão do STF marca um passo inédito no cenário político brasileiro, ao colocar um ex-presidente no banco dos réus por envolvimento em uma tentativa de ruptura institucional. A defesa de Bolsonaro agora se prepara para contestar formalmente as acusações, alegando fragilidade nas provas e cerceamento de defesa.

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