Existe um paraíso? 

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O paraíso, descrito de forma imagética no livro do Gênesis, é considerado por muitos bons teólogos atuais como uma realidade em potência, isto é, uma realidade que nunca existiu de fato, mas que devia instaurar-se segundo a vontade originária de Deus. Entretanto, o pecado insinuou-se e o paraíso ficou comprometido. O paraíso, quando se realiza, é feito de paz, harmonia, sabedoria e imortalidade. Responde aos grandes anseios do ser humano, seja ele crente ou não, pobre ou rico, sábio ou ignorante.

Se o homem não tivesse pecado — mas ele pecou desde sempre —, ele não teria perdido a ligação com a Árvore da Vida, não teria perdido a paz, não se teria tornado insensato, nem sentiria a morte como um evento dramático. A morte não seria morte, mas uma travessia tranquila. São João da Cruz diz que a alma, quando ama, não teme a morte. Isso porque a alma enamorada de Deus vê a morte como uma passagem para os braços do Amado. O amor do Bem é a essência da sabedoria. O homem distanciou-se da sabedoria por causa do pecado, que é o desprezo do Bem.

Se o homem está em sintonia com Deus, a sua consciência é um paraíso, e nada que lhe sobrevenha de fora (perdas, catástrofes, humilhações, doença, morte…) é capaz de retirar a harmonia de suas fibras mais íntimas, decorrente da paz de sua alma com Deus. Nosso desequilíbrio diante da vida, decorrente de nosso desequilíbrio diante de Deus, vem do pecado.

O primeiro pecado – o pecado dos primeiros pais ou o pecado original originante – teve um papel singular, pois foi o primeiro e, assim, introduziu a desarmonia no mundo, marcando negativamente a história e a condição subsequente da humanidade (pecado original originado). Pelo pecado nós nos apegamos desordenadamente a bens que passam e desprezamos o Bem que não passa.

A redenção operada por Jesus tem por finalidade dar-nos a ajuda necessária (graça) para vencermos o pecado e realizarmos o paraíso em nós e entre nós. A redenção é a reintrodução do paraíso para os homens. Ainda que esse paraíso não seja plenamente experimentado neste mundo, a esperança cristã diz que ele virá. Podemos ver já nesta vida os seus sinais e colaborar para que estes sinais se multipliquem na nossa alma e na nossa convivência.

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