Por que a IA poderia beneficiar os criadores de anime?

A inteligência artificial chegou ao mundo da anime e, longe de substituir os artistas, pode tornar-se no seu melhor aliado. Essa foi a grande ideia lançada por Naomichi Iizuka, diretor de Twins Hinahima, durante o 3º Festival de Animação de Niigata, onde houve um forte debate sobre o impacto da IA ​​na animação japonesa.

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Spoiler: nem todos concordam, mas os argumentos são ótimos.

A IA não substitui, ela ajuda (e economiza tempo)

Naomichi foi direto: a IA não vai substituir os animadores, mas pode tornar o trabalho deles mais eficiente. Em sua série, mais de 95% da animação foi gerada com IA, mas isso não significa que a criatividade foi terceirizada.

Muito pelo contrário. Segundo ele, usar IA nas partes mais mecânicas do processo permite que os animadores se concentrem no que realmente importa: direção, narrativa, ritmo visual. Ou como ele disse: “Nunca pensei em deixar a direção para a IA. Não faz sentido dar a ele as partes interessantes da produção.

“Twins Hinahima”: IA com coração (e câmeras de celular)

A série segue duas garotas do ensino médio, Himari e Hinana, que querem se tornar virais. Durante a gravação do conteúdo, eles começam a perceber coisas estranhas e acabam em um mundo ainda mais estranho. Uma ideia que, com métodos tradicionais, teria sido difícil (ou muito cara) de animar.

Mas com IA… é possível. Para Naomichi, ferramentas como essa permitem que mais mangakás e criativos saltem para o anime, sem depender de estúdios gigantes ou de orçamentos impossíveis.

Tezuka levanta a sobrancelha: e a técnica tradicional?

Nem todo mundo vê o futuro tão brilhante. Makoto Tezuka, filho do lendário Osamu Tezuka (Astro Boy, nada menos), alertou sobre os limites da IA. Segundo ele, há coisas que a tecnologia ainda não consegue fazer bem, como transições de movimentos complexas ou gestos humanos verdadeiramente expressivos.

E fez um alerta: se os novos animadores focarem apenas no uso de IA, poderão perder a capacidade de animar de forma tradicional, o que ainda é essencial para entender o corpo, o peso, a emoção.

Um exemplo de sucesso? O PRIMEIRO Slam Dunk

Para defender seu ponto de vista, Naomichi apresentou um argumento forte: THE FIRST SLAM DUNK (2022), um dos filmes mais celebrados dos últimos anos. Segundo ele, o uso da IA ​​foi fundamental para manter o estilo visual original de Takehiko Inoue, o mangaká.

Graças a isso, as ilustrações estáticas ganharam vida com uma fidelidade que poucos métodos teriam permitido.

Oportunidade… mas com respeito

Ambos os diretores concordam em uma coisa: a IA não substitui a alma criativa. Naomichi foi direto: “Me assusta que não haja um criador por trás de tudo isso”.

E esse é o dilema central: sim, a IA abre portas, torna possível o impensável e pode facilitar a animação como nunca antes. Mas também gera incerteza. Onde está a autoria? Quem é o artista se uma máquina faz a linha?

Conclusão: IA não veio para remover, veio para transformar

O que está claro é que a IA já faz parte do mundo da anime e, embora ainda haja muito a ajustar, pode tornar-se numa ferramenta poderosa para amplificar a criatividade. Como acontece com qualquer nova tecnologia, não é apenas o que ela pode fazer que é importante, mas como a utilizamos.

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Será ela uma aliada dos animadores ou uma ameaça à arte tradicional? Por enquanto, parece que ela será um pouco dos dois. Mas o que é garantido… é que o debate está apenas começando.

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